Autoeuropa pára produção por causa da greve

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Daniel Rocha

Têm vestidos coletes vermelhos, em que pode ler-se, em letras garrafais, Greve Geral, e agitam pequenas bandeiras. A maioria mantém-se parada, à conversa com colegas. O grupo é pequeno. Alguns têm um ar cansado. Estiveram presentes nos vários piquetes de greve.

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Têm vestidos coletes vermelhos, em que pode ler-se, em letras garrafais, Greve Geral, e agitam pequenas bandeiras. A maioria mantém-se parada, à conversa com colegas. O grupo é pequeno. Alguns têm um ar cansado. Estiveram presentes nos vários piquetes de greve.

Se muitos decidiram não trabalhar e aderir à paralisação, não foi por causa de um descontentamento com as condições proporcionadas pela Autoeuropa. “Os trabalhadores têm familiares que vão sofrer cortes nos salários, têm familiares reformados, que vão receber menos apoios, vão, eles próprios, ter os abonos de famílias cortados, vão pagar mais com os aumentos do IVA”, enumera António Chora, coordenador da CT da Autoeuropa. “O nosso problema não é com a Autoeuropa”, sublinha Jorge Gonçalves, explicando que o que motivou quem aderiu à greve foi o descontentamento com as medidas de austeridade que o governo pretende implementar. “Estamos a agir por indignação”.

Gabriel Reis tem 45 anos e é trabalhador da Autoeuropa. Decidiu fazer greve porque acredita que demonstrações de descontentamento deste tipo “dão sempre nalguma coisa”, ainda mais quando uma empresa como a Autoeuropa deixa de produzir por um dia. A firma “está parada” e “as luzes até estão apagadas”na zona de produção, diz Jorge Gonçalves. “Nós, por dia, quando a empresa está a laborar, fazemos 500 carros. E hoje, nem um carro fizemos”.

Por volta das 15 e 30, hora da mudança de turno, os trabalhadores que não aderiram à greve vão saindo da fábrica. Vanda Castro, de 39 anos, é uma delas. “Sou supervisora e tive de vir para ver como é que as coisas estão a ser feitas”, explica, justificando, desta forma, a sua não adesão à paralisação. Questionada sobre o número de pessoas que optaram por trabalhar, Vanda estima que terão sido, durante a manhã, “talvez umas trinta e poucas”. Ao longe, passam autocarros, que entram na empresa. Dentro de cada um, vêem-se uma ou duas pessoas. Gabriel Reis explica que, nos dias de trabalho habituais, os 36 autocarros, que transportam trabalhadores, vêm praticamente todos cheios.

“Os colaboradores que estão na empresa ou estão a ter formação, ou estão a fazer tarefas de manutenção, ou estão a reparar carros”, explica Carmo Jardim, relações públicas da Autoeuropa, acrescentando que a greve na empresa não é geral, na medida em que várias equipas trabalharam. A responsável disse ainda não poder avançar com um número da adesão à greve.

A Autoeuropa comprometeu-se a aumentar em 3,9 por cento os salários dos trabalhadores, a não fazer despedimentos colectivos até ao final de 2012 e a integrar, como permanentes, os 500 a 600 trabalhadores que emprega em regime temporário.