David Hockney, iPintor em Paris
No final de 2008, David Hockney (n. 1937) comprou um iPhone e começou a mandar flores frescas aos amigos todas as manhãs. "As minhas flores duram. Com o iPhone, não só posso desenhá-las como também possso enviá-las a 15 ou 20 pessoas que depois as recebem assim que acordam", explicou ao jornalista do "Telegraph" Martin Gayford, que bruscamente no Verão passado também recebeu um SMS do artista britânico ("Mando-te o amanhecer de hoje esta tarde; frase absurda, bem sei, mas perceberás o que quero dizer"), seguido, horas mais tarde, da respectiva iPintura das primeiras horas do dia filtradas pelas nuvens malva da costa do Yorkshire.
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No final de 2008, David Hockney (n. 1937) comprou um iPhone e começou a mandar flores frescas aos amigos todas as manhãs. "As minhas flores duram. Com o iPhone, não só posso desenhá-las como também possso enviá-las a 15 ou 20 pessoas que depois as recebem assim que acordam", explicou ao jornalista do "Telegraph" Martin Gayford, que bruscamente no Verão passado também recebeu um SMS do artista britânico ("Mando-te o amanhecer de hoje esta tarde; frase absurda, bem sei, mas perceberás o que quero dizer"), seguido, horas mais tarde, da respectiva iPintura das primeiras horas do dia filtradas pelas nuvens malva da costa do Yorkshire.
Nos últimos dois anos, Hockney produziu centenas de desenhos de flores e de paisagens no iPhone (entretanto também comprou um iPad) que traz sempre no bolso interior direito do seu blazer Príncipe de Gales. Parte desses desenhos integra agora a exposição "Fleurs Fraîches", que pode ser vista até 30 de Janeiro na Fondation Pierre Bergé - Yves Saint-Laurent. Aqui, já não estamos perante os poderosos grandes formatos em que Hockney fez a crónica da bela vida californiana; é das pequenas coisas (plantas, naturezas mortas, auto-retratos) que "o último dandy da arte do pós-guerra", como lhe chamava o "Figaro" esta semana, se ocupa agora.
Além das intermináveis possibilidades de difusão criadas pelo iPhone (de resto profundamente disruptoras de um mercado que gira em torno da assinatura e do original), Hockney está particularmente entusiasmado com a maneira como o ecrã luminoso revoluciona a qualidade do desenho: "Nunca teria desenhado a aurora se só tivesse um lápis e uma folha de papel. Foi a luminosidade do ecrã que me incitou", explica no texto do catálogo. A cenografia da exposição, concebida pelo arquitecto nova-iorquino Ali Tayar, recria em parte o estúdio do artista no Yorkshire, permitindo ao espectador ver (em pequenos e grandes ecrãs) as obras à luz das condições em que foram produzidas e, mais do que isso, vê-las enquanto são produzidas (basta carregar numa tecla e o iPhone faz rewind e reconstitui o desenho traço a traço). É novo para nós, e surpreendentemente também para ele: "Até ter feito 'replay' dos meus desenhos no iPad, nunca me tinha visto desenhar".