Bush diz que ainda fica com "o estômago às voltas" por não ter encontrado armas de destruição maciça no Iraque
Repleto de detalhes, e muitos episódios anedóticos, dos oito anos de Bush na Casa Branca (2001-2009), “Decision Points” – obtido já em primeira mão pelo diário “The New York Times” – percorre a pente fino uma era de governação dos Estados Unidos que abre com os ataques terroristas do 11 de Setembro e vai até ao colapso financeiro do país que se repercutiu mundo fora. “Senti-me como o capitão de um barco a afundar”, conta o ex-chefe de Estado sobre aqueles últimos meses antes de lhe suceder Barack Obama.
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Repleto de detalhes, e muitos episódios anedóticos, dos oito anos de Bush na Casa Branca (2001-2009), “Decision Points” – obtido já em primeira mão pelo diário “The New York Times” – percorre a pente fino uma era de governação dos Estados Unidos que abre com os ataques terroristas do 11 de Setembro e vai até ao colapso financeiro do país que se repercutiu mundo fora. “Senti-me como o capitão de um barco a afundar”, conta o ex-chefe de Estado sobre aqueles últimos meses antes de lhe suceder Barack Obama.
A guerra no Iraque ocupa grande parte desta narrativa autobiográfica, com Bush a admitir ter cometido muitos erros, sobretudo no falhanço total em detectar as armas de destruição maciça que inúmeros relatórios dos serviços secretos garantiam existir. “Ninguém ficou mais chocado do que eu quando não encontrámos as armas. Sentia-me doente cada vez que pensava nisso. E ainda sinto, fico com o estômago às voltas"”.
Ainda assim, o ex-presidente, de 64 anos, defende a decisão de invadir o Iraque, argumentando que os iraquianos ficaram melhor sem o antigo líder Saddam Hussein, ao qual se refere como um “ditador homicida”. Bush sustenta ainda que também os Estados Unidos ficaram melhor sem Hussein no cenário, a tentar obter armas químicas e biológicas.
O livro contém ainda a revelação de que o muito controverso vice-presidente de Bush, Dick Cheney, se terá oferecido para se demitir em 2003, permitindo ao Presidente escolher uma outra pessoa para se candidatar à vice-presidência nas eleições de 2004. Bush escreve que chegou a ponderar esta possibilidade, tendo em conta que apesar de Cheney “ter ajudado com partes muito importantes da governação, tornou-se também num íman para as críticas vindas dos media e da esquerda”.
“[Afastá-lo] provaria que era eu quem mandava”, racionaliza Bush. Mas, no final, decidiu manter a seu lado o homem que era visto como “sombrio e sem coração, o Darth Vader da Administração”, por reconhecer valor na sua “mão firme”.
Ao longo de todo o livro, Bush – que permanece praticamente longe da cena política e em silêncio sobre a política no país desde que deixou Washington e regressou ao Texas natal no início de 2009 – não diz uma única palavra sobre o actual Presidente, que lhe sucedeu, Barack Obama.