Neil Jordan culpa Internet pela crise na indústria cinematográfica

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Depois de a televisão ter perdido audiências para a Internet, o mesmo se passa com o cinema, queixam-se o realizador de "Jogo de Lágrimas". A indústria cinematográfica está a atravessar uma crise que está a pôr muitos realizadores para o desemprego, denuncia Neil Jordan.

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Depois de a televisão ter perdido audiências para a Internet, o mesmo se passa com o cinema, queixam-se o realizador de "Jogo de Lágrimas". A indústria cinematográfica está a atravessar uma crise que está a pôr muitos realizadores para o desemprego, denuncia Neil Jordan.

Para o realizador irlandês Neil Jordan, a Internet é a grande responsável pela crise do sector. Em conferência de imprensa no Festival Internacional de Cinema de Tóquio, onde integra o júri, Jordan explicou que "como em qualquer outra indústria (música, literatura), a Internet está a mudar os hábitos das pessoas". "Neste momento, há uma crise real no cinema e isso fica claro para mim quando vejo muitos realizadores que conheço sem trabalho", atesta.

Apesar de Jordan considerar que o cinema não vai morrer, acredita que para já é "extremamente difícil os bons filmes saírem do círculo restrito dos festivais de cinema". "Os festivais são importantes, porque são uma das poucas vias que sobraram para a indústria séria, mas também é importante que os filmes cheguem além do circuito de festivais e encontrem públicos em todo o mundo", acrescenta.
 
O realizador de "Entrevista com o Vampiro" (1994), "Jogo de Lágrimas" (1992) e "Ondine" (2009) explicou que hoje "as pessoas não vão ao cinema por causa da Internet". Ironicamente, "The Social Network" ("A Rede Social", que se estreia na próxima semana em Portugal), o filme sobre a fundação do Facebook, foi o filme que abriu o festival de Tóquio.

Em competição pelos cerca de 35 mil euros de prémio estão 15 filmes - entre eles duas produções chinesas (incluindo "Buddha Mountain", do realizador Li Yu), três do Médio Oriente, com destaque para "Flamingo No. 13", do iraniano Hamid Reza Aligholian, e "Post Card", do japonês Kaneto Shindo.

A crise na indústria também se fez sentir no festival do Japão com o público a afastar-se do evento, em relação às últimas edições - e o interesse pelas produções estrangeiras no país também diminuiu.

O Festival Internacional de Cinema de Tóquio decorre até ao dia 31 de Outubro.