Universidade Católica prevê recessão de 0,7% no próximo ano
De acordo com a previsão do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica, a economia portuguesa irá entrar em recessão em 2011, contraindo 0,7 por cento. Em Julho, o NECEP previa que a economia praticamente estagnasse no próximo ano, com um crescimento marginal de 0,1 por cento.
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De acordo com a previsão do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica, a economia portuguesa irá entrar em recessão em 2011, contraindo 0,7 por cento. Em Julho, o NECEP previa que a economia praticamente estagnasse no próximo ano, com um crescimento marginal de 0,1 por cento.
A justificar esta revisão em baixa está o “anúncio das linhas gerais do Orçamento do Estado para 2011”. O impacto das medidas de austeridade anunciadas pelo Governo foi estimado “com base nas experiências recentes de consolidação orçamental em Portugal, na análise dos casos da Grécia e de Espanha, em estudos do FMI sobre os efeitos de curto prazo de políticas de redução do défice e na avaliação subjectiva que o NECEP faz da real dimensão do programa de austeridade”.
Esta previsão de recessão para 2011 poderá ser afectada não só pelo desempenho das exportações e pelas condições de financiamento da economia portuguesa, mas também pela “capacidade e empenho do Governo português em implementar as medidas de austeridade anunciadas”. O NECEP destaca aqui que o ano de 2010 foi “um bom exemplo em como anúncios e intenções não são garantia de acção, nem de resultados”, concluindo que “é natural, por isso, que existam algumas reservas quanto ao verdadeiro grau da consolidação orçamental a ocorrer em 2011.”
A previsão da Católica é a mais pessimista feita até ao momento por uma instituição portuguesa. O Banco de Portugal, que divulgou recentemente as suas projecções para 2011, aponta para uma estagnação da economia, embora admita que, na sua análise, não foi ainda tido em conta o impacto das últimas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo e que serão incluídas no Orçamento do Estado para 2011.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) avançou também recentemente as suas projecções para Portugal, apontando para uma recessão em 2011, com o Produto Interno Bruto (PIB) a contrair 1,4 por cento. Outras instituições, como a Standard & Poor’s, têm uma perspectiva ainda mais pessimista, prevendo uma contracção de 1,8 por cento.
Quanto ao Governo, tem mantido o optimismo, mesmo depois de admitir que as medidas de austeridade anunciadas terão impactos recessivos. A previsão oficial continua, assim, a ser de um crescimento de 0,5 por cento no próximo ano.
Economia já estagnouDe acordo com as estimativas do NECEP, a economia portuguesa deve ter estagnado no terceiro trimestre do ano face ao trimestre anterior, altura em que cresceu 0,3 por cento. O crescimento homólogo terá sido de 1,2 por cento, abaixo dos 1,5 por cento registados no trimestre anterior.
De acordo com o NECEP, “o desempenho da economia nacional no terceiro trimestre terá sido suportado pelo crescimento das exportações e por uma ligeira melhoria do investimento. Estas estimativas confirmam a desaceleração do ritmo de crescimento da economia face ao início do ano, mas sugerem também que a melhoria da conjuntura externa continuou a compensar as debilidades da procura interna”.
O NECEP projecta, agora, um crescimento de 1,4 por cento para 2010, uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais face à estimativa de Julho. Segundo o gabinete, esta revisão em alta “decorre, em larga medida, do comportamento positivo da economia mundial, que favoreceu o aumento das exportações a nível global, incluindo as exportações portuguesas”.
Além disso, destaca, “há indicações de que a contenção orçamental anunciada para 2010 foi pouco efectiva, produzindo por isso um efeito negativo no PIB menor do que o esperado”. Por fim, o crescimento este ano poderá ter ainda beneficiado do “efeito de antecipação da actividade económica, decorrente do anúncio de aumento de impostos no início de 2011”. Um cenário que, segundo o NECEP, terá custos para o crescimento no próximo ano.