"Pai" do primeiro bebé-proveta português saúda prémio
O galardoado concebeu, juntamente com o ginecologista Patrick Steptoe, a primeira criança que nasceu graças à FIV, em 1978: Louise Brown. Hoje, ao ter conhecimento desta escolha do comité Nobel, o médico Pereira Coelho lembrou emocionado o que aprendeu, em Paris, com o agora galardoado, destacando, “não só o seu enorme saber, mas também as grandes características humanas”.
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O galardoado concebeu, juntamente com o ginecologista Patrick Steptoe, a primeira criança que nasceu graças à FIV, em 1978: Louise Brown. Hoje, ao ter conhecimento desta escolha do comité Nobel, o médico Pereira Coelho lembrou emocionado o que aprendeu, em Paris, com o agora galardoado, destacando, “não só o seu enorme saber, mas também as grandes características humanas”.
O primeiro contacto entre estes dois pioneiros da FIV deu-se em 1983, recordou Pereira Coelho, que na altura estava em Paris a aprender a técnica de FIV que, mais tarde, viria a aplicar em Portugal. “Foi um contacto fascinante, não apenas pela capacidade científica, mas também pela sua simplicidade, capacidade de nos transmitir estímulo, encorajamento e exemplo de actuação prática no dia-a-dia”, disse.
Pereira Coelho aplicaria mais tarde em Portugal muito do que aprendeu com Robert G. Edwards. Desta aprendizagem resultou, em 1986, o nascimento do primeiro bebé-proveta português, o Carlos Miguel. É por isso que, hoje, Pereira Coelho considera que a notícia é de “grande alegria”, afirmando que a mesma “só peca por tardia”. Se o visse hoje, adiantou, “agradecia-lhe em nome da humanidade e em meu nome pessoal”, disse.
Ajuda é cada vez mais recorrente“Este é um sinal de que a medicina de reprodução está a ter uma relevância cada vez maior na sociedade”, disse corroborou Filomena Gonçalves, dirigente da Associação Portuguesa de Fertilidade (APF). Filomena Gonçalves considera que este é um galardão “muito bem atribuído”, lembrando que são cada vez mais os casais que precisam de recorrer a técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA), como a FIV, para serem pais.
“Cada vez há mais casais inférteis, aumento que resulta de mudanças de estilo de vida – como o adiamento de maternidade e alguns comportamentos de risco – que faz com que cada vez mais pessoas precisem de tratamentos, como a FIV”, adiantou. Para a APF, as dificuldades de acesso a técnicas de PMA, como a FIV, em Portugal continuam, pois “os apoios prometidos tardam a chegar, as listas de espera no sector público continuam muito elevadas e, no privado, os preços são pouco acessíveis”.
Apesar de tudo isso, e em nome dos “milhões de crianças que já nasceram graças à FIV”, Filomena Gonçalves não hesita em agradecer a Robert G. Edwards a sua sabedoria e investimento nesta área.
A FIV é uma técnica de Procriação Medicamente Assistida (PMA) utilizada em casos de infertilidade. Actualmente é aplicada com regularidade em tratamentos no setor público e privado.