Embargo
Curioso como aquilo que mais parece seduzir os cineastas na obra de José Saramago é o seu aspecto distópico, quase apocalíptico - depois da "Jangada de Pedra" por George Sluizer e do "Ensaio Sobre a Cegueira" por Fernando Meirelles, é a vez de António Ferreira adaptar um conto de 1973 sobre um futuro onde um embargo petrolífero lança o país no colapso, ampliando a história original para um drama estilizado sobre um homem que negligencia a família em nome de um invento revolucionário em que ninguém acredita. Tecnicamente impecável e com um excelente sentido de atmosfera e ambientação, "Embargo" desenha uma sátira escuríssima sobre um homem que deixa de acreditar no seu sonho num mundo em desintegração, mas não consegue em nenhum momento erguer-se acima da mera anedota do azarado a quem nada corre bem (sublinhada pela presença seca, quase clownesca, de Filipe Costa), cruzada de retro-futurismo "Delicatessen" (até na fotografia descolorida de Paulo Castilho). É um esforço honesto, sério, mas parece-nos um passo atrás depois do excelente "Esquece Tudo o que te Disse".
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Curioso como aquilo que mais parece seduzir os cineastas na obra de José Saramago é o seu aspecto distópico, quase apocalíptico - depois da "Jangada de Pedra" por George Sluizer e do "Ensaio Sobre a Cegueira" por Fernando Meirelles, é a vez de António Ferreira adaptar um conto de 1973 sobre um futuro onde um embargo petrolífero lança o país no colapso, ampliando a história original para um drama estilizado sobre um homem que negligencia a família em nome de um invento revolucionário em que ninguém acredita. Tecnicamente impecável e com um excelente sentido de atmosfera e ambientação, "Embargo" desenha uma sátira escuríssima sobre um homem que deixa de acreditar no seu sonho num mundo em desintegração, mas não consegue em nenhum momento erguer-se acima da mera anedota do azarado a quem nada corre bem (sublinhada pela presença seca, quase clownesca, de Filipe Costa), cruzada de retro-futurismo "Delicatessen" (até na fotografia descolorida de Paulo Castilho). É um esforço honesto, sério, mas parece-nos um passo atrás depois do excelente "Esquece Tudo o que te Disse".