FC Porto suspende secção de atletismo em protesto contra proibição de estrangeiros
A decisão foi anunciada pelo responsável pelo atletismo e vice-presidente do FC Porto, Fernando Oliveira, no Estádio do Dragão, numa conferência de imprensa a que assistiu Jorge Nuno Pinto da Costa.
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A decisão foi anunciada pelo responsável pelo atletismo e vice-presidente do FC Porto, Fernando Oliveira, no Estádio do Dragão, numa conferência de imprensa a que assistiu Jorge Nuno Pinto da Costa.
Em causa está a alteração aos regulamentos aprovada a 24 de Julho, que impede a utilização por parte dos clubes nas provas nacionais de atletas estrangeiros que tenham representado os seus países há menos de um ano.
A suspensão do atletismo nos “dragões”, detentores dos títulos de campeões nacionais em pista coberta e ar livre (femininos), decorrerá “pelo menos até à Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) ser presidida por Fernando Mota”, sustentou Fernando Oliveira.
A alteração “à pressa” dos regulamentos, ainda de acordo com o dirigente, “é ilegal e inconstitucional, pois fere a norma da livre circulação de atletas comunitários (que é o caso concreto do FC Porto) entre clubes”.
“O departamento jurídico vai agora avançar com um processo para responsabilizar a federação da atrocidade que está a cometer. O FC Porto deverá ser ressarcido das verbas já despendidas com atletas”, disse.
Fernando Oliveira, que enumerou uma série de “desconsiderações e situações desconfortáveis” vividas entre o clube e a federação, considera que esta alteração foi “feita à medida” e “surge após o FC Porto ter sido campeão”.
“Se não querem que o FC Porto seja campeão nacional, então não percam mais tempo, nós desistimos”, disse Fernando Oliveira, que acusou ainda Fernando Mota de colagem ao rival Sporting e de não gostar dos “dragões”.
O dirigente abordou ainda uma entrevista de Fernando Mota ao jornal do Sporting, principal rival do FC Porto, em que este terá alegadamente dito que o título conquistado pelos dragões não tinha mérito.
“Se os campeonatos ganhos pelo FC Porto não tiveram mérito, por ter atletas comunitários (oito em 26), então e os outros ganhos anteriormente (pelo Sporting), com atletas africanos”, questiona Oliveira.
O dirigente aponta ainda o exemplo dado pela própria federação que, na sua opinião, naturaliza atletas para poder alcançar medalhas nas provas internacionais.
“A federação decidiu alterar os regulamentos de um dia para o outro só porque o FC Porto foi campeão, com toda a legitimidade”, sustenta Fernando Oliveira, que apela à intervenção do secretário de Estado do Desporto.
Oliveira recordou ainda a resposta “lacónica e hipócrita” da federação aos esclarecimentos solicitados pelo clube em que disse que não impede os dragões de inscrever as atletas, mas apenas de não os poder utilizar nos campeonatos.