Papa exprime ‘vergonha’ pela pedofilia e encontra-se com vítimas vítimas
O encontro, que decorreu à tarde na nunciatura (embaixada) da Santa Sé na capital britânica, sucedeu a uma declaração de Bento XVI, de manhã, em que o Papa classificou tais crimes como “inomináveis”. Ao mesmo tempo, alguns milhares de pessoas manifestavam-se contra a visita do Papa ao Reino Unido.
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O encontro, que decorreu à tarde na nunciatura (embaixada) da Santa Sé na capital britânica, sucedeu a uma declaração de Bento XVI, de manhã, em que o Papa classificou tais crimes como “inomináveis”. Ao mesmo tempo, alguns milhares de pessoas manifestavam-se contra a visita do Papa ao Reino Unido.
Num comunicado do Vaticano, citado pela Reuters e AFP, afirma-se que o Papa Ratzinger ficou “emocionado por aquilo que [as vítimas] tinham a dizer e exprimiu-lhes o seu profundo sofrimento e a sua vergonha pela dor vivida pelas vítimas e suas famílias”.
O assunto dominou o penúltimo dia desta visita oficial de Bento XVI ao Reino Unido — a primeira de um Papa ao país depois de João Paulo II ali ter estado em 1982, em “visita pastoral”. No comunicado, diz-se que Ratzinger rezou com as vítimas — em número não especificado pelo Vaticano, cinco segundo a BBC — e assegurou-lhes que a Igreja Católica continua a colocar em acção “medidas eficazes a fim de proteger os jovens”.
No documento do Vaticano acrescenta-se: “[A Igreja] faz tudo o que está ao seu alcance para investigar as acusações, para colaborar com as autoridades civis e para levar à justiça os membros do clero e os religiosos acusados destes crimes extremos.”
Este é o primeiro encontro do Papa com vítimas de abusos sexuais cometidos por padres, depois de, no final de 2009, ter sido publicado um relatório da Igreja Católica na Irlanda sobre o tema — e que levou o Papa a escrever uma carta dirigida aos católicos no país, mas cujo conteúdo foi entendido como generalizável a toda a Igreja.
No início deste ano, o episcopado alemão divulgou também os resultados de uma inquirição semelhante em várias dioceses e instituições católicas. E, há dez dias, foi a vez dos bispos belgas apresentarem um novo relatório que apresentava cerca de 500 queixas relativas de abusos sexuais de clérigos católicos cometidos nos últimos 50 anos.
“Como aconteceu em outras ocasiões, [o Papa] rezou para que todas as vítimas de maus tratos possam conhecer a cura e a reconciliação, e que sejam capazes de ultrapassar o passado e de encarar esta perturbação com serenidade e esperança pelo futuro”, acrescenta o comunicado.
De manhã, após se ter encontrado com o primeiro-ministro e vice-primeiro-minsitro, bem como com o líder da oposição, o Papa já evocara “o imenso sofrimento provocado pelos abusos cometidos sobre as crianças”. Numa missa na catedral católica de Westminster, Bento XVI afirmou: “Exprimo a minha profunda dor às vítimas inocentes destes crimes inomináveis, esperando que o poder da graça de Cristo e o seu sacrifício de reconciliação lhes tragam um profundo apaziguamento e a paz.”
O tema tem estado presente desde o primeiro dia desta visita ao Reino Unido. Na quinta-feira, ainda no voo que o levou de Roma para Edimburgo, Bento XVI reconheceu que a hierarquia da Igreja Católica — o Papa e os bispos — não tinha sido “suficientemente vigilante” na gestão deste assunto, nem “suficientemente rápida e firme” a tomar as medidas necessárias..
Actualizada às 22h12