Agora Thurston Moore é editor livreiro
A Ecstatic Peace Library, editora fundada em 2009 por Thurston Moore, lança-se verdadeiramente no mercado este Outono, com livros do próprio ou do fotógrafo James Hamilton. "Um consórcio 'underground' que silenciosamente toma conta do mundo", graceja a co-fundadora Eva Prinz.
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A Ecstatic Peace Library, editora fundada em 2009 por Thurston Moore, lança-se verdadeiramente no mercado este Outono, com livros do próprio ou do fotógrafo James Hamilton. "Um consórcio 'underground' que silenciosamente toma conta do mundo", graceja a co-fundadora Eva Prinz.
Ser guitarrista e vocalista de uma das bandas-chave da música popular urbana das últimas três décadas seria suficiente, mas Thurston Moore há muito que não é apenas isso. Verdadeiro actor cultural, artista multifacetado, ou não tivesse sido formado na fervilhante cena nova-iorquina da década de 70, Moore edita desde 2001 o "Ecstatic Peace Poetry Journal" e gere desde 1983 a Ecstatic Peace, editora independente que se tem revelado particularmente activa nos últimos anos, lançando bandas como os Hush Harbors ou os Awesome Color.
Em Outubro de 2009, Moore decidiu expandir o "império" Ecstatic Peace, alargando-o ao universo editorial. À sua maneira, claro. A Ecstatic Peace Library que fundou com a editora Eva Prinz, dedica-se a um catálogo que reúne livros de arte, design, fotografia ou poesia, pensando também novas formas de explorar o "e-book". Até agora, o trabalho centrava-se em pequenas edições numeradas e feitas à mão. No Outono, tudo se tornará mais sério. E, como não podia deixar de ser, a música terá um papel fundamental: "Três dos sete títulos [editados] são embalados com discos de vinil", referiu Moore à "Style Magazine" do "New York Times". Entre as novas edições estão "In Silver Rain With A Paper Key", que junta textos, fotografias e poesia de Thurston Moore a dois singles de sete polegadas com inéditos do guitarrista, ou "Party With Me Punker", livro de fotografias de Dave Markey e Jordan Schwartz que fixa a cena hardcore californiana do início da década de 80.
Num momento em que a indústria livreira rói as unhas de ansiedade, sem certezas quanto ao futuro do livro, Thurston Moore não está preocupado: "A edição independente é uma tradição que por vezes pode ser agradável para nós e outras vezes espiritual." Daí a diversidade de um catálogo onde encontramos, por exemplo, "Fly Me", de Yoko Ono (livro e caixa de papagaios, com instruções de voo e mensagens de Ono), um catálogo de paisagens e retratos do fotógrafo Justine Kurland, apanhados durante uma viagem de comboio pelos EUA, ou "The Noise Paintings", com assinatura de Kim Gordon, baixista dos Sonic Youth e mulher de Moore, que vem com uma cassete.
Interessada em explorar obras obscuras, a dupla Thurston Moore-Eva Prinz refere com entusiasmo uma edição marcada para Novembro, "James Hamilton: You Should Have Heard Just What I Seen". Hamilton, fotógrafo da "Village Voice" que acompanhou não só os principais músicos jazz e rock das décadas de 60 e 70, mas também as convulsões da época, abriu o seu arquivo pela primeira vez e Moore mergulhou nele com afinco para descobrir coisas como uma foto de Rod Stewart a ser entrevistado por Patti Smith, então colaboradora da revista "Crawdaddy!". "Rod e Patti tinham exactamente o mesmo corte de cabelo", brinca Eva Prinz.