Biblioteca Nacional cria coleção exclusiva para documentação de Alexandre Herculano
“Esta decisão - que também se reveste de carácter simbólico -- permite concentrar numa mesma colecção a maioria da documentação esparsa que a BNP foi adquirindo ao longo de mais de um século e que se encontrava dispersa por diversas coleções da Divisão de Reservados”, explicou à Lusa o director da Biblioteca, Jorge Couto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Esta decisão - que também se reveste de carácter simbólico -- permite concentrar numa mesma colecção a maioria da documentação esparsa que a BNP foi adquirindo ao longo de mais de um século e que se encontrava dispersa por diversas coleções da Divisão de Reservados”, explicou à Lusa o director da Biblioteca, Jorge Couto.
A Colecção de Alexandre Herculano reúne 36 documentos, incluindo as aquisições recentes de 2008 e 2009, e os que se encontravam no ACPC, e 23 outros da Área de Manuscritos.
Os 23 manuscritos avulsos, quase todos autógrafos, são correspondência, documentos particulares e relativos às funções que exerceu como diretor da Biblioteca Real das Necessidades e da Ajuda, disse a mesma fonte.
Na área epistolar, há várias cartas trocadas entre Herculano e personalidades como Silva Leal, Francisco Freire de Carvalho, Rodrigo José de Lima Felner, Rodrigo Vicente de Almeida, Manuel de Portugal e Castro, Francisco Joaquim Maia, bem como a sua editora, a Casa Bertrand.
A nova coleção integra também “manuscritos literários como ‘Scenas de um ano da minha vida: poesia e meditação’ [cerca de 1832]”, acrescentou.
Há porém outra documentação do escritor e historiador que, “por razões que se prendem com o respeito pela proveniência e com a manutenção da integridade das coleções já existentes, manter-se-á nos códices factícios organizados por José António Moniz, em finais do século XIX, e no Arquivo de João José de Mendonça Cortez”, segundo nota da BNP. Mendonça Cortez (1836-1912) foi político, historiador e colaborou com Herculano na “História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal”.
Até final do ano, a BNP apresentará um sítio na Internet dedicado ao autor de “Eurico, o presbítero”, que “reunirá não só todos os manuscritos integrados na Divisão de Reservados, independentemente das colecções a que pertençam, como documentação existente na Biblioteca da Ajuda, a obra impressa, e a iconografia existente”, adiantou o responsável.
Alexandre Herculano nasceu em Lisboa a 28 de Março de 1810, tendo falecido na sua quinta de Vale de Lobo, na Azóia de Baixo (Santarém), a 13 de Setembro de 1877.
Publicou vários títulos em diferentes domínios como a poesia, teatro, romance histórico e ensaio histórico. É autor de uma História de Portugal, desde as origens até ao reinado de D. Afonso III, e de “História das origens e estabelecimento da Inquisição em Portugal”, além da edição de um conjunto de documentos, a “Portugaliae Monumenta Historica”. Herculano foi presidente da Câmara Municipal de Belém (1854-1855), e, juntamente com Almeida Garrett e Rodrigo da Fonseca, fundou em 1846 o Grémio Literário.