A Câmara da Póvoa de Varzim vai solicitar ao Ministério do Ambiente que, já a partir da próxima época balnear, estabeleça na Estela uma "zona balnear designada", o que afastará a possibilidade de ser criada naquele areal, paralelo ao campo de golfe, uma praia oficial para a prática do naturismo. A Junta da Estela já manifestou à câmara que assumirá uma concessão de praia tal como acontece na freguesia vizinha de Aguçadoura, o que criará uma distância inferior (às concessões) exigida por lei para o exercício (legal) do nudismo.

A Câmara da Póvoa de Varzim vai solicitar ao Ministério do Ambiente que, já a partir da próxima época balnear, estabeleça na Estela uma "zona balnear designada", o que afastará a possibilidade de ser criada naquele areal, paralelo ao campo de golfe, uma praia oficial para a prática do naturismo. A Junta da Estela já manifestou à câmara que assumirá uma concessão de praia tal como acontece na freguesia vizinha de Aguçadoura, o que criará uma distância inferior (às concessões) exigida por lei para o exercício (legal) do nudismo.

A intenção da autarquia, confirmada ao PÚBLICO pelo vice-presidente da câmara, Aires Pereira, surge na sequência da denúncia, por elementos do PS local, da ocorrência de "práticas sexuais" na praia, que nenhum dos socialistas - militantes da freguesia e o vereador Renato Matos - presenciou. "Há um conjunto de pessoas que, sob a capa da prática do nudismo", utiliza a praia "para práticas sexuais e local de encontros sexuais", garantiu o vereador. Já José Costa, um dos militantes de Estela que se juntaram a Renato Matos numa conferência de imprensa no areal, chegou a deixar uma ameaça velada: "Caso eles [os nudistas] continuem aqui, a população pode optar pela violência".

Há alguns anos, a prática do nudismo, numa praia "isolada" pelo campo de golfe, foi qualificada como "tolerada" pela Federação Portuguesa de Naturismo (FPN) e, no passado mês de Abril, quando o Partido Ecologista "Os Verdes" conseguiu aprovar um projecto de lei para a oficialização de mais praias para o naturismo, Rui Martins, presidente da FPN, disse publicamente que ia tentar obter a legalização da praia poveira. Mas, na resposta, a Assembleia de Freguesia da Estela aprovou, por unanimidade, um documento - que remeteu à câmara - no qual contestava tal hipótese.

Ainda assim, os membros do PS decidiram agora reforçar a contestação e, de imediato, choveram críticas à iniciativa. Um dos mais cáusticos para com os socialistas foi Teófilo Relvas, presidente do Clube Naturistas do Norte, que acusou os socialistas de, ao não apresentarem provas sobre a associação do nudismo aos tais "encontros sexuais", utilizarem "um discurso que inventa argumentos apenas para destilar ódio a quem pensa ou se comporta de maneira diferente, bem como a instigar reacções violentas do público".

Passados três dias, os vereadores do PS - onde se inclui Renato Matos - emitiram um comunicado no qual, curiosamente, dão conta que, "havendo na orla costeira da parte norte do concelho uma praia com condições para a prática do naturismo, serão favoráveis a essa classificação" e que inclusive vão levar o caso à próxima reunião do executivo, na segunda-feira. Aires Pereira garante que os membros da maioria social-democrata que governa a autarquia "não têm qualquer preconceito sobre o assunto", mas sustenta que, "em democracia, tem de ser respeitada a vontade das populações". E acusa o PS de, "mais uma vez, escolher o Verão para maltratar a imagem do concelho".