Medvedev revela ter sido identificado assassino da activista Natalia Estemirova
Sem avançar quaisquer detalhes sobre a identidade do suposto executor de Estemirova, Medvedev frisou que a fase da investigação em curso é já a de encontrar o assassino – que foi “posto numa lista internacional de busca e captura” – e descobrir quem deu a ordem de execução da activista.
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Sem avançar quaisquer detalhes sobre a identidade do suposto executor de Estemirova, Medvedev frisou que a fase da investigação em curso é já a de encontrar o assassino – que foi “posto numa lista internacional de busca e captura” – e descobrir quem deu a ordem de execução da activista.
O assassinato de Natalia Estemirova provou uma enorme vaga de condenação a nível internacional, relançando as críticas contra o Kremlin e as autoridades policiais na Rússia sobre o seu compromisso com os direitos humanos no país, onde jornalistas, advogados e activistas são alvos frequentes de intimidação, perseguição e execuções com a marca dos assassinos contratados.
A activista foi raptada à porta de casa, numa movimentada rua de Grozni, às 8h30 do dia 15 de Julho de 2009, por quatro homens que a forçaram a entrar num velho Lada. Oito horas mais tarde, era encontrada morta num campo deserto na vizinha república da Inguchétia, com um tiro no peito e outro na cabeça. Tinha 51 anos e uma filha de 15, e permanecia teimosamente na Tchetchénia, apesar das constantes ameaças que recebia, devido ao trabalho de investigação que fazia para a organização de defesa dos direitos humanos moscovita Memorial sobre os abusos cometidos pelas lideranças do seu país.
Era investigadora da reputada organização russa de defesa dos direitos humanos, e trabalhava em casos de pessoas raptadas e dadas como desaparecidas na tumultuosa Tchetchénia, república da Federação Russa onde permanecem activos grupos de rebeldes separatistas em confronto aberto com as autoridades de Grozni, apoiadas por Moscovo. Na sequência do seu sequestro e homicídio, a Memorial fechou os seus escritórios na Tchetchénia, por não ter condições de garantir a segurança dos seus investigadores.
Activistas e analistas acusam as autoridades – da Techtchénia e da Rússia – de ignorarem pistas importantes na investigação, incluindo interrogatórios de testemunhas cruciais apontadas pelos seus colegas na Memorial e a colheita de ADN de suspeitos para fazer comparações com indícios encontrados no corpo de Estemirova. “A investigação até começou de forma promissora, mas depois parou”, observou ao jornal britânico “The Guardian” Elena Milashina, jornalista do diário russo de oposição “Novaia Gazeta”, que seguia o trabalho da activista.
Os investigadores acreditam ter resolvido o caso do assassinato da activista, avançando a teoria de que foi morta por um guerrilheiro rebelde. Fontes oficiais, sob anonimato, foram citadas por vários media russos identificando este suspeito como Alkhazur Bashaiev, oriundo da aldeia de Shalazhi, no centro da Tchetchénia. Sustentam que Bashaiev – morto no Outono passado numa operação das forças de segurança russas – pusera a cabeça de Estemirova a prémio depois de esta ter escrito vários relatórios para a Memorial sobre o grupo armado que lidera.