Câmara de Lisboa quer demolir Teatro Maria Vitória
Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia, que quando confrontado ontem com o assunto pelo vereador Pedro Santana Lopes não respondeu, acabou por confirmar: “Vai tudo abaixo e constrói-se um novo”.
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Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia, que quando confrontado ontem com o assunto pelo vereador Pedro Santana Lopes não respondeu, acabou por confirmar: “Vai tudo abaixo e constrói-se um novo”.
Contactado pela Lusa, o arquitecto responsável, Manuel Aires Mateus, explicou: “aqueles edifícios já não têm hipótese de recuperação. Este será maior, até porque aquelas eram salas muito pequenas e não daria para rentabilizar”.
A votação de ontem foi a primeira que a Câmara fará do documento, já que o plano vai agora para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e regressará à autarquia para discussão pública e votação final.
O plano, que abrange a área do Jardim Botânico, permite alterações e reabilitação na zona habitacional histórica, criando uma área de protecção com edifícios com os terraços cobertos por jardins.
O projecto inclui vários parques de estacionamento subterrâneos e até 1700 lugares de espectadores no Capitólio, no Teatro Variedades e no novo auditório a construir.
Desenvolvido a partir da proposta vencedora do concurso de ideias para o local, o documento permite obras na zona habitacional histórica, inclusive em imóveis de valor patrimonial “elevado”, “relevante” ou “de referência”, uma excepção relativamente ao que ficou estabelecido no Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade.
Para a área da Universidade de Lisboa e Jardim Botânico, o plano propõe, por exemplo, que sejam feitos projectos autónomos de recuperação do Museu da Ciência e História Natural e do Observatório Astronómico e define a criação de uma zona lúdica infantil, novos acessos e percursos pedonais e dois parques de estacionamento subterrâneos, um dos quais com 200 lugares.
Junto à entrada da Rua do Salitre, no alinhamento da Rua Castilho, será construído um “novo grande edifício” com “vocação de museu ou centro interpretativo” do jardim e que poderá ter cafetaria, livraria e uma loja do Museu, uma obra contestada pela Liga dos Amigos do Jardim Botânico, já que “impermeabilizará a totalidade da actual área dos viveiros”.
A Liga critica também a prevista demolição de parte das estufas, considerando que o jardim vai ver “diminuída a sua área de plantação”, e a sua passagem para cima do novo edifício, o que contrariará a necessidade de as estufas terem “localizações muito diversas”.
Já na área do Parque Mayer a câmara quer colocar o Capitólio, actualmente alvo de uma intervenção de recuperação, como “protagonista” de uma grande praça com saídas para a nova rua paralela à do Salitre, a nova rua paralela à da Alegria, a Travessa do Salitre e a Praça da Alegria.
O Capitólio terá 700 lugares no interior e 200 no recinto exterior.
A entrada do Parque Mayer também será recuperada para voltar a ter “monumentalidade”, o Teatro Variedades será reconvertido num palco da “actividade teatral convencional” para 200 espectadores e surgirá um novo auditório com uma plateia até 600 lugares e “com capacidade para teatro, conferências ou cinema”.
Ainda nesta zona, os edifícios de restauração serão demolidos para serem depois realojados, haverá vários percursos públicos verdes e o tráfego será exclusivamente pedonal.
Segundo os estudos anexos ao Plano de Pormenor, a proposta é viável a nível de ruído e de tráfego -- neste segundo caso o acréscimo de volume de trânsito será compensado pelas restrições ao estacionamento dissuasoras do uso do automóvel.
Já a análise geológica, geotécnica e hidrogeológica considera necessária a realização de estudos específicos para obter informação mais pormenorizada.