Projecto de conservação do lobo ibérico deu 220 cães a pastores para reduzir prejuízos
Francisco Petrucci Fonseca, que lidera o projecto, disse hoje que um dos objectivos é “mostrar que a conservação do lobo é possível” em simultâneo com a existência da pastorícia.
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Francisco Petrucci Fonseca, que lidera o projecto, disse hoje que um dos objectivos é “mostrar que a conservação do lobo é possível” em simultâneo com a existência da pastorícia.
“Conservar o lobo em Portugal, da teoria à prática” é o tema do trabalho que hoje recebeu o prémio BES Biodiversidade 2010, no valor de 75 mil euros, numa cerimónia com a participação da ministra do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional, Dulce Pássaro.
À margem da entrega do prémio, o coordenador do projecto explicou aos jornalistas a importância de estudar o comportamento dos lobos e dos cães e tentar trabalhar com os pastores de modo a que os rebanhos sejam protegidos, ao mesmo tempo que os lobos são poupados.
Até há algum tempo a forma de os criadores de gado evitarem o ataque aos rebanhos era a morte dos lobos. Com a investigação desenvolvida pelo programa Signatos, iniciado em 1987 pelo Grupo Lobo, presidido por Francisco Fonseca, já é possível a “convivência” das duas partes, com a ajuda dos cães.
“Já demos 220 cães a cerca de 150 pastores”, disse o responsável, realçando a meta de “reduzir os prejuízos dos pastores e o antagonismo” relativamente aos lobos, através do projecto, que já suscitou interesse em outros países.
Segundo Francisco Fonseca, deverão existir cerca de 300 lobos ibéricos em Portugal, a norte do rio Douro e na zona Centro.
Além do projecto vencedor, foram distinguidos com menções honrosas os trabalhos “Programa de Monitorização das Aves”, de Domingos Leitão, “Modelo de Avaliação dos Serviços de Ecossistema em Portugal”, de Henrique Miguel Freitas Pereira, e “Florestas Marinhas de Algas Gigantes”, de Ester Serrão.
O prémio BES Biodiversidade, que assinala este ano a sua terceira edição, está integrado na iniciativa “Business & Biodiversity”, que conta com 53 empresas aderentes, além dos 10 processos em curso, como referiu o presidente do Instituto para a Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), Tito Rosa.