O padre da física quântica

Um dia, alguém lhe pediu para escrever as homilias que fazia e que entusiasmavam quem o escutava. O pedido deu origem a dois livros - o segundo acaba de sair ("A Palavra no Tempo II", ed. Entrelinhas). Nascido em 1930, João Manuel Resina Rodrigues licenciou-se em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico em 1953, onde leccionaria durante três décadas. Investigador do Centro de Física da Matéria Condensada, tem várias obras sobre Física e História e Filosofia das Ciências.

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Um dia, alguém lhe pediu para escrever as homilias que fazia e que entusiasmavam quem o escutava. O pedido deu origem a dois livros - o segundo acaba de sair ("A Palavra no Tempo II", ed. Entrelinhas). Nascido em 1930, João Manuel Resina Rodrigues licenciou-se em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico em 1953, onde leccionaria durante três décadas. Investigador do Centro de Física da Matéria Condensada, tem várias obras sobre Física e História e Filosofia das Ciências.

Ordenado padre em 1959, doutorou-se em Filosofi a na Bélgica em 1969. É o responsável da catequese da paróquia do Campo Grande (Lisboa) e pároco da Cruz Quebrada.

Um padre que ensinou física durante 30 anos sabe se, afinal, Deus não joga aos dados?

Sou discípulo de Kant. Ele diz que há três questões fundamentais: o que posso saber, o que devo fazer, o que me é lícito esperar. E achou que a primeira depende da ciência. As más catequeses tiveram sempre a mania de misturar essa questão com a apologética. Kant achava que não, eu também.


Uma coisa é tentar compreender o universo.

Para isso há a física e a biologia. Se quero saber se houve ou não "big bang", se a vida evoluiu ou não, não pergunto à Bíblia, não pergunto à Igreja, que não tem competências nessa matéria.

A segunda questão é o que devo fazer, como se deve viver para se ser homem. Pergunto à história, às culturas, às religiões. A terceira pergunta é o que me é lícito esperar, qual o sentido de fundo disto tudo. Aí, encontro a questão de Deus.

Em suma, questões relativas a como é feito este mundo são da ciência. O sentido da vida diz respeito à religião, à filosofia, às culturas. Nós aprendemos com todas as culturas. Eu, em particular, aprendi e acreditei em Jesus Cristo.

Facto é que essas duas questões levaram a conflitos imensos, sobretudo nos últimos séculos.

Por culpa dos dois lados: por culpa da Igreja, que quis ter argumentos fáceis e fez apologéticas baseadas na ciência; que, durante muito tempo, querendo defender a cosmologia de Aristóteles, atacou estupidamente a ciência moderna; e que, querendo manter teologias arcaicas, condenou a evolução da Física. Por culpa também dos homens de ciência e de filosofia que, não acreditando em Deus, acharam que se faziam apóstolos dessa sua posição e que a maneira mais simples era começar por embirrar com as religiões e, nomeadamente, com a Igreja Católica.


Era um conflito entre duas verdades.

Não diria de duas verdades, diria de duas maluqueiras.


Mas o cristianismo tomou-se, toma-se como verdade absoluta.

Continuo a pensar que o cristianismo é verdade absoluta no seu campo. A ciência pensou, no século XIX, que era verdade absoluta, hoje já não pensa isso. Mas pensa que não há verdade absoluta e que a melhor que há, é ela.

A Igreja evoluiu também?

Evoluiu de outra maneira. Se a Igreja acredita, como acredito, que Deus é Deus e que Jesus Cristo é Senhor, aí não toca. Mas há coisas que aprendeu: a maneira de pensar e ensinar a religião varia na história; há teologias, baseadas numa verdade que não muda, mas que tentam comunicar essa verdade a homens que mudaram, que usam linguagens diferentes e se servem de conceitos e estruturas mentais diferentes.


A ciência toca questões que, para muitos crentes, atingem as bases da sua fé: a criação, o "big bang", a evolução, a ética...

Tenho duas preocupações: que se fale dessas coisas às crianças antes que se fale no liceu; e que se diga que uma coisa é tudo o que vem de Deus, que é a criação, e outra a maneira como o Universo evoluiu e que não tem nada a ver com religião.


Nós dizemos que tudo o que existe depende da vontade de Deus. Como é que isto foi feito, se foi feito mais cedo ou mais tarde, se começou com o "big bang" ou doutra maneira, isso é da física e não da religião.

Como nasceu essa sua paixão pela física, anterior à sua ordenação de padre?

Desde novo, achei interessante o conhecimento rigoroso. Quando acabei o liceu, hesitei se ia para Física ou Engenharia. Acabei por ir para Engenharia e, no Técnico, achei muito importante o pensamento rigoroso. Ao mesmo tempo, cresceram em mim as outras perguntas e achei que as coisas se não opunham, mas são duas facetas do ser humano e minhas.


É muito importante ser capaz de me interessar pelo rigor das coisas e de perceber que a vida tem opções fundas que não se tomam pela matemática ou pela física. Ninguém vai para a guerra, casa ou vai para o convento por causa de um teorema de matemática ou de física.

Não era estranho para alguns alunos saber que era um padre que lhes ensinava física? Não. Nunca fiz catequese nas aulas.Mas sabiam que era padre?

Sabiam. Na cadeira de Filosofia das Ciências, tive uma assistente que era muito herege. Os alunos achavam graça. Depois de terem feito os exames vinham falar comigo de religião.


Viam em si uma pessoa diferente?

Eu tinha-os habituado a falar com rigor e a não meter biscas. Nem quando ensinei História e Filosofia das Ciências meti catequese. Contava as várias posições.


Escreve que, a partir da física do século XVIII e XIX, o determinismo concluiu que a liberdade humana é ilusória. O catolicismo não está ainda preso dessa concepção determinista?

Em física, a questão do determinismo não está encerrada. Há as leis que na prática são deterministas - se eu deixar isto, cai mesmo - mas chegou-se à conclusão que fenómenos fundamentais não são perfeitamente determinados.


E foi preciso arranjar uma física muito complicada - a mecânica quântica - para descrever os fenómenos elementares. A liberdade humana resulta da nossa experiência e da experiência da história. Os macacos e os elefantes não variam há muito tempo. Nós, apesar de tudo, temos feito guerras, conquistas, temos descoberto ciência, temos melhorado coisas na agricultura.

A história testemunha que os homens têm poder de intervenção. Há sempre homens de ciência ou de religião que, contra ventos e marés, resolveram fazer diferente. O argumento mais forte a favor da liberdade é a história.

E vamos continuar a percorrer esse caminho, apesar de alguns sinais pessimistas?

A história não é previsível - aí, Marx e o marxismo enganaram-se. Mas há determinismos e não há dúvida que a globalização põe muitos problemas. Mesmo assim, o homem é suficientemente teimoso para subverter as estruturas que lhe querem impor. O homem, felizmente, é um ser subversivo.


Numa das suas homilias agora publicadas, diz que Jesus não veio explicar a morte nem o sofrimento.

O mal no mundo é uma coisa trágica e é o grande desafio. Se há razão para se perder a fé, é o mal. Por outro lado, há coisas boas no mundo, há amor e verdade. Porque é que Deus existe se há mal, porque não existe Deus se há bem? A fé cristã é acreditar em Deus, mas é não deixar de reconhecer que o mal é um grande problema.


O mundo sem mal não era possível, mas Deus teve a coragem de nos pedir que aceitássemos este mundo. Aceitar este mundo não é ter uma explicação sobre porque há mal, é tentar fazer o melhor que se pode, como Jesus nos ensinou: lutar contra a pobreza, contra a miséria, contra o ódio, com amor. Deus sabia que era tão duro, que achou que era honesto vir experimentar. Jesus veio experimentar, mas não nos deu as explicações que às vezes queremos.

Há uma coisa que Jesus disse: "Venham lutar contra o mal, venham comigo." É um erro quando os padres e as pessoas devotas se põem a explicar coisas sobre o mal. O que há a fazer é pensar como Jesus: há muita coisa mal no mundo, vamos tentar melhorar o que pudermos.

Dizia-se que um leproso era doente porque os seus pais tinham pecado, hoje diz-se que um tsunami é um castigo divino. Tem a ver com isso. Ainda [há dias] tive que enterrar um homem com 30 anos, de um desastre de automóvel; vieram contra ele e ele morreu.

Eu disse: "Vamos pedir ao Senhor que nos mantenha na fé apesar destas coisas, que nos mantenha na graça de não deitar culpas para quem tem ou não culpa e vamos pensar que não foi Deus que mandou estas coisas. Acontecem porque somos maus, porque nos distraímos, por isto, por aquilo." Há doenças, o que se tem a fazer é tentar defender-se do contágio, vacinar-se, tratar-se o melhor que pode. Umas vezes resulta, outras não. Quando não resulta, vamos ter coragem e paciência. Foi o que Jesus fez e enfrentou.

O que diz, se aplicado a doenças como a sida, tem consequências na doutrina da Igreja.

É evidente que o bom senso é a pessoa não se expor. Outra coisa é, se foi contagiada, começar a tratar-se o mais cedo possível. Outra é aceitar que, com ou sem culpa, tem sida, tentando enfrentar [a doença] da melhor maneira.


Isso significa, no caso de um católico, desobedecer à proposta oficial de evitar o uso do preservativo?

Parece-me uma estupidez evitar o uso do preservativo.


Diz outra coisa que contraria uma verdade adquirida da teologia cristã: Jesus não veio para morrer...

A primeira geração cristã teve um problema: se Jesus é o Messias, se é o Filho de Deus, se é Deus, como é que isto aconteceu? E andaram ali uns anos aos papéis... Jesus não veio para morrer.


Cristo veio a este mundo entender-se connosco, dignificar a condição humana, experimentar o que nos tinha dado, ser fiel e dar exemplo de fidelidade até ao fim. Tanto que, na véspera [de morrer], pediu ao Pai que, se fosse possível, lhe [retirasse] esse cálice. Se tivesse sido combinado, seria estupidez estar a pedi-lo. É um grande desafio o texto do evangelho, [quando Jesus está] na cruz: "Pai, porque me abandonaste?" Cristo aceitou experimentar o que é andarmos aos papéis, em certas alturas.

Como avalia que, entre cristãos, se defenda o criacionismo por oposição ao evolucionismo?

A maluqueira é livre e uma das grandes tensões do ser humano é agarrarmo-nos a teses de conservação. Em todos os momentos de crise, crescem os movimentos de direita: na Igreja, nunca os seminaristas foram tão conservadores como de há vinte anos para cá. Em crise, toda a gente se agarra ao que parece ter segurança.


E uma das seguranças é ter um texto que diz tudo. Tem-se dito que a coisa mais parecida com a Igreja Católica foi o marxismo soviético: tinha uma doutrina intangível, que explicava tudo; tinha um magistério e as pessoas sabiam que, se se dedicassem, era para a salvação dos irmãos.

O seu pai e a sua mãe que faziam?

O meu pai era médico militar. Nasceu em Trásos-Montes, de uma família cristã, que trabalhava o campo. Foi parar a Mafra. Ali conheceu a minha mãe. Ela tinha um catolicismo tradicional. O meu pai era muito enérgico, a minha mãe era uma mulher muito suave. Ele conseguiu que eu tivesse a impressão que os adultos eram pessoas sensatas, coisa que nem sempre os miúdos têm. Mas não podia mentir. Foi um tipo de formação muito singela e muito austera. Em tudo o que continuo a pensar e a viver isso está presente.


O que falta às homilias do clero português? Sabedoria, meditação da Bíblia?...

Lembro-me de ser miúdo e me zangar com as homilias porque os padres se repetiam muito e às vezes brincavam com palavras. E eu disse com os meus botões que, se fosse padre, gostava de falar mais simples do que isto. Depois tentei. Já disse que, se fosse bispo, mandava gravar todas as homilias uma vez por ano, para saber o que por aí se diz.


Há uma palavra repetida nos seus textos liberdade nem sempre valorizada na Igreja.

No evangelho de São João, capítulo oitavo, diz: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Quem falou a sério da liberdade foram os existencialistas, quer cristãos quer ateus. Sartre, Gabriel Marcel, Heidegger disseram que a liberdade é o poder de dar sentido à vida, é o poder de pegar na vida e fazer da vida a minha vida. Heiddeger foi mais longe ao dizer que a verdade só surge no contexto da liberdade: tenho de deixar ser as coisas e as pessoas para que elas se revelem. A essência da verdade é a liberdade.


Quando Jesus falou [da verdade], os judeus não perceberam e a Igreja também nunca entendeu. O que a Igreja sempre quis foi ter um bando de meninos bem comportados. O ideal da Igreja, como o do marxismo soviético, era ter um jardim-de-infância, tudo muito feliz, muito bem comportado, todos de bibe, ninguém fazia disparates. A Igreja não é isso, o evangelho não é isso. Jesus veio a este mundo, viveu, enfrentou, não teve medo de tomar posições contra a ortodoxia, dizer mal da lei e do templo.

Sentiu a pressão social e política no tempo do Estado Novo? Chegou a ter agentes da PIDE a ouvir as suas homilias...

Eles chateavam desta maneira: estive três anos na Bélgica, eles abriam todas as minhas cartas. As cartas para os meus pais chegavam, para outras pessoas não... Quando comecei a fazer homilias, na Capela do Rato, tinha uma senhora, a Feliciana, que era uma espécie de sacristã e que dizia: "Hoje tem cá três cães grandes". E eu comecei a gravar...


É daí que nasce a ideia de escrever os resumos dos textos?

Não. Quando fui para [a Capela do Centro Comercial] Amoreiras, houve um dia que comecei a escrever. E várias pessoas teimaram para eu publicar.


Há uma ideia repetida nos textos: as tentações que Jesus enfrenta são as de manipular o sagrado, monopolizar a propaganda, o poder.

São motivações muito importantes na condição humana.


Mais do que a sexualidade, um tema tão presente na Igreja?

É curioso que Jesus nunca tenha dito grandes coisas a esse respeito. São João diz que ele foi a um casamento, mas não fez pregação nenhuma. Os padres têm a mania de pregar. À mulher adúltera também disse uma coisa muito discreta. A Igreja tem uma obsessão com a sexualidade, que não é de Jesus. De onde é? São componentes gregas, os judeus não eram muito complicados nessa questão. A relação de Jesus com o poder foi sempre distante e a Igreja muitas vezes navegou mal.


Jesus atreveu-se a fazer muitas críticas, não teve a ideia do sagrado que muitas vezes nós incutimos.

Jesus foi por excelência um homem livre. Se há coisa importante na condição humana e na condição religiosa, é a liberdade.

Há uma preocupação sua: as coisas que a Igreja faz têm que ser esteticamente bem feitas e de qualidade. Esse é um dos dramas da liturgia católica?

De liturgia tenho muito pouca experiência e nunca me interessou muito, mas não gosto de coisas farfalhudas. A catequese preocupa-me muito. A catequese tem uma história muito má em Portugal. Teimei muito com os senhores bispos que os catecismos eram horríveis e eles até candidamente diziam que sim, mas que era preciso tempo para os melhorar. Finalmente estão a fazer catecismos e uma outra equipa fez uns que não foram aceites como oficiais, mas cuja publicação foi permitida, o que é curioso ["Mestre Onde Moras? A Quem Iremos?", ed. Paulinas].


O Papa quer qualidade na liturgia, mas depois pede mais latim e gregoriano. É possível ter qualidade sem regressar a formas estéticas do passado?

É pena que a Igreja não tenha grandes criadores.


Quando entusiasmou as pessoas, apareceram grandes criadores. A aposta era nós termos uma Igreja tão viva que aparecessem criadores.

Com música e linguagem contemporâneas?

Sim. Não voto na conservação. Para não ir mais longe: isto de usar "vós" na Igreja, quando já ninguém usa essa linguagem... Parece bizarro.


Diz que o Direito evoluiu e que hoje já ninguém é preso por adultério, que a Igreja deve continuar a dizer que é pecado, mas aceitando as evoluções do Direito e da sociedade.

Sim. Quando foi do aborto, disse praticamente a mesma coisa. A Igreja tem de dizer sempre que o aborto que é mal, mas não estou nada interessado em saber se há leis para condenar. Não quero saber disso.


Ou seja, era legítimo católicos defenderem aquela solução?

Os católicos têm de dar testemunho, pela palavra e pelo exemplo, contra o aborto, contra o divórcio. Mas não interessarem-se se há leis ou prisões, não quero saber disso. E Jesus também não.


Quem é Deus e quem é Jesus para si?

O próprio Jesus Cristo nunca explicou muito.


Deus é senhor do céu e da terra, a razão última de tudo. Se não fosse a vontade dele que houvesse universo, não havia nada. É aquele que fez o universo no qual apareceram os homens, a quem trata com especial carinho. E que gostaria que os filhos fossem bons.

Dizer que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo - São Paulo não se atreveu, São Pedro não se atreveu e o próprio Jesus sabia que dizer isso era criar um obstáculo. O que ele fez foi lançar um imenso desafio de dizer que tinha sido o Pai que o mandara, que ele faz a vontade do Pai, que tudo o que o Pai faz ele o faz e, finalmente, disse "eu e o Pai somos um".

Então, Jesus é Deus?

A tradição cristã, a partir do século IV, foi dizendo que o Pai é Deus e Jesus é Deus. Nota à margem: quando São Paulo fala de Deus, é sempre Deus Pai; quando fala de Jesus, chamalhe Senhor. Mais adiante, disseram os concílios que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Eu acredito.


Deus continua a ser o Senhor supremo de todas as coisas, que se manifestou em Jesus Cristo. A quase totalidade da mística cristã disse sempre que a Deus só se vai por Jesus Cristo.

Sou muito dessa escola. Reconheço que há um mistério de Deus e que Deus se manifestou em Jesus Cristo.

Tento ser fiel a Jesus, sei que tenho muitos erros. Em relação à Igreja, Jesus quis que os discípulos andassem unidos, que rezassem juntos e celebrassem juntos a eucaristia. Não tenho interesse nenhum em acabar com a Igreja. Por outro lado, patetas somos todos e temos feito broncas ao longo dos tempos e muitas vezes ensinamos e vivemos coisas que são frontalmente contrárias ao evangelho - por exemplo, a Inquisição. Qual é a minha solução? Ter paciência. Escrevi uma vez que, se isto fosse uma fábrica e eu engenheiro, eu saía. Mas eu não considero isto uma fábrica da qual sou engenheiro.

Artigo originalmente publicado na revista Pública no dia 8 de Abril de 2007