Carros da Google recolhiam acidentalmente informação de ligações wireless
Os carros armazenavam amostras dos dados que circulavam nas redes a que se iam ligando enquanto percorriam as ruas. Estas amostras podem incluir vários tipos de informação pessoal relativa à actividade do cibernauta.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os carros armazenavam amostras dos dados que circulavam nas redes a que se iam ligando enquanto percorriam as ruas. Estas amostras podem incluir vários tipos de informação pessoal relativa à actividade do cibernauta.
Entre a informação recolhida estava também o nome da rede (que é definido por quem a instala) e o chamado endereço MAC do router – o router é o dispositivo que permite a criação da rede e o endereço MAC é um conjunto de números e letras que identificam este dispositivo de forma única.
A recolha, porém, era feita apenas nas redes que não estavam protegidas por uma palavra-passe e que estivessem a ser usadas no momento de passagem dos carros. Além disso, nota a Google, o equipamento dos carros está programado para saltar de ligação em ligação a cada cinco segundos, pelo que só pequenos fragmentos de informação deverão ter sido armazenados.
A falha foi descoberta quando, há menos de duas semanas, as autoridades alemãs pediram para auditar a informação que os carros da Google recolhiam. Segundo uma explicação no blogue oficial da multinacional, foi só então que os responsáveis da empresa descobriram que estavam também a recolher informação sobre redes de acesso sem fios à Internet, existentes em muitos hotéis e cafés, mas também em várias casas.
A empresa garante que a recolha de informação foi acidental (devido à inclusão por engano de uma funcionalidade no equipamento dos carros) e que esta nunca foi usada.
Numa entrevista à BBC, o responsável de comunicações da Google, Peter Barron, explicou que a informação recolhida já foi isolada e que a empresa “está a trabalhar para apagar os dados”.
Os carros do Street View foram entretanto imobilizados.
Em Portugal, o Street View foi lançado no verão do ano passado e, como em muitos outros países, levantou preocupações de privacidade. A Comissão Nacional de Protecção de Dados argumentou recentemente em declarações ao PÚBLICO que a Google não está a cumprir o requisito de desfocar todas as caras e matrículas fotografadas e já pediu à empresa para resolver o problema.