Mosca do vinagre mostra como o cérebro decide o que se come

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Moscas do vinagre com a barriga azul, depois de terem ingerido comida rica em proteínas DR

Nessa altura, Carlos Ribeiro estava no Instituto de Investigação de Patologia Molecular, em Viena (Áustria). Em 2009, mudou-se para Portugal, como investigador do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, e agora, aos 34 anos, vê os resultados das experiências em Viena publicados na revista Current Biology.

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Nessa altura, Carlos Ribeiro estava no Instituto de Investigação de Patologia Molecular, em Viena (Áustria). Em 2009, mudou-se para Portugal, como investigador do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, e agora, aos 34 anos, vê os resultados das experiências em Viena publicados na revista Current Biology.

Para descobrir como é que as moscas decidiam o que iam comer, Carlos Ribeiro e o outro co-autor do artigo, Barry Dickson, do mesmo instituto austríaco, engendraram uma experiência com comida e corantes.

Tingiram com um corante azul a comida enriquecida com proteínas, o que em alimento de moscas significa ter leveduras. A comida sem leveduras foi corada de encarnado. Pela observação da cor das barrigas das moscas, sabiam o que elas tinham comido.

Primeiro as observações: quando as moscas já tinham a sua dose de proteínas, não aceitavam mais. “Mas se as privarmos de proteínas durante um período, acabam por escolher a comida com proteínas”, diz Carlos Ribeiro, citado numa nota de imprensa. “E as fêmeas que acasalaram são mais rápidas a mudar de dieta do que fêmeas virgens.”

Como é que as moscas, em todas as situações, sabem quantas proteínas estavam na dieta ingerida antes? “Sabem porque há um receptor [uma molécula] no cérebro que detecta quantas proteínas estão no corpo.”

E, no caso de uma mosca grávida, outro receptor detecta a presença de uma molécula do esperma dos machos, que diz ao cérebro que ela está grávida e a faz preferir comida com proteínas.

Embora obtidos na famosa mosca do vinagre, um dos organismos favoritos dos cientistas para as experiências, os resultados podem ajudar a compreender como outros seres vivos escolhem os seus alimentos. Mas ainda não se sabe se as mesmas moléculas envolvidas nas escolhas alimentares das moscas estão em acção nos seres humanos. Sabe-se apenas que, nos ratinhos, o mesmo receptor para a detecção de proteínas no organismo controla a quantidade de comida ingerida: “Mas não sabemos se também controla as escolhas.”