Cientistas evitam artrite reumatóide em ratinhos
Os investigadores do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, publicaram estes resultados na terça-feira, na revista PLoS ONE.
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Os investigadores do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, publicaram estes resultados na terça-feira, na revista PLoS ONE.
“Este tratamento impede a produção de factores reumatóides. Houve uma ausência de inflamação de artrite”, explicou por telefone ao PÚBLICO Luís Graça, líder da equipa e último autor do artigo.
A artrite reumatóide é uma doença auto-imune em que células do sistema imunitário – os linfócitos T CD4+ – atacam as regiões das articulações, causando deformações progressivas que dificultam a mobilidade e podem levar à morte prematura.
Segundo o cientista, no passado, este anticorpo que se liga a estes linfócitos, já tinha sido utilizado em humanos para combater a doença, mas causava uma resposta imunitária forte. “Foi dos primeiros anticorpos utilizados, mas a tecnologia para a produção de anticorpos não era tão sofisticada”, explicou.
A equipa utilizou a mesmo substância, mas com uma alteração radical de parte importante da molécula, para se tornar o mais parecido possível com os anticorpos produzidos pelo nosso corpo. Desta forma, impediu uma reacção imunitária. Além disso, foi utilizada uma maior concentração, o que ajudou a impedir a resposta imunitária.
A reacção dos anticorpos é particularmente positiva porque só se manifesta nos tecidos onde a doença causa a inflamação. Não pondo em causa o sistema imunitário no resto do corpo. A equipa chegou a testar a imunidade dos animais injectando substâncias estranhas, obteve resultados semelhantes aos ratinhos controlo.
A investigação feita em artrite reumatóide costuma utilizar cobaias que apresentam sintomas iguais aos da doença em humanos, mas não desenvolvem uma situação crónica. Este estudo utilizou uma linhagem de ratinhos que desenvolve uma doença crónica, o que permite fazer mais paralelismos.
“O nosso contributo é mostrar que uma estratégia que já foi utilizada pode voltar a ser experimentada para um tratamento a longo prazo”, defendeu Luís Graça.