Jardins da Madeira visitados por quase três milhões de pessoas na última década
Neste jardim fundado a 30 de Abril de 1960 pelo engenheiro Rui Vieira, entram cerca de 345 mil indivíduos por ano, ou seja, mais 100 mil que a população residente neste arquipélago.
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Neste jardim fundado a 30 de Abril de 1960 pelo engenheiro Rui Vieira, entram cerca de 345 mil indivíduos por ano, ou seja, mais 100 mil que a população residente neste arquipélago.
Em 2008, os três principais jardins do Funchal - Jardim Botânico Eng.º Rui Vieira, Quinta do Palheiro Ferreiro e o Jardim Tropical Monte Palace - registaram 583.583 entradas pagas. Segundo um estudo do geógrafo Raimundo Quintal, 57,6 por cento destas entradas são de turistas registados na Madeira. "Isto revela a grande importância do garden tourism [turismo de jardins] como nicho na oferta turística da região. É porque nem o golfe ou o Parque Temático de Santana geram tanta riqueza", conclui o mesmo especialista. No estudo que apresentou num congresso internacional, sobre "a importância dos jardins como nicho turístico na Madeira", o geógrafo madeirense assinala que no Reino Unido, a partir de 1990, os jardins e as exposições do National Trust, do English Heritage, do National Gardens Scheme e da Royal Horticultural Society registaram um forte aumento de visitantes. Evocando a tradicional paixão dos ingleses - principal mercado desta ilha onde construíram quintas ajardinadas - pelas plantas, e o número crescente de programas televisivos sobre botânica e jardinagem, o investigador não tem dúvidas em considerar "um sucesso o crescimento deste nicho de turismo na última década do segundo milénio e nos primeiros anos do século XXI".
Cerca de 60 por cento das entradas na Quinta do Palheiro Ferreiro foram de turistas individuais e 40 por cento de grupos organizados por agências de viagens. No Jardim Tropical Monte Palace o peso das visitas individuais foi muito maior, atingindo 90 por cento. Já no Jardim Botânico os grupos organizados corresponderam a 34 por cento das visitas pagas.
A maioria dos visitantes procura os jardins como espaços de lazer, fixando a atenção nas árvores monumentais, nos recantos mais atraentes e nas flores vistosas. Uma faixa mais restrita escolhe o destino Madeira para aprofundar o saber em botânica, floricultura, jardinagem ou paisagismo.
Presentemente com 23 jardins na sua capital, a ilha da Madeira possui património capaz de catapultá-la para um nível mais alto no mercado, frisa Quintal. Para atingir esse desiderato terá de haver uma rede de jardins, públicos e privados, de qualidade que garanta, pelo menos, uma semana de visitas diversificadas do ponto de visita botânico, paisagístico e histórico.
Para atrair mais turistas aos seus jardins, a Madeira precisa, na opinião daquele investigador, de criar uma rede de jardins de elevada qualidade; preparar os jardins para acolher famílias; discriminar positivamente os jardins de excepcional riqueza; associar a promoção da Festa da Flor a programas de visitas; aproveitar as condições atmosféricas para fazer cursos sobre plantas ornamentais e jardinagem ao ar livre durante todo o ano. Para atrair turistas no Inverno "é fundamental transmitir de forma muito impressiva a imagem dos jardins da ilha, criando mais sítios na Internet com o objectivo de convencer os amantes dos jardins que a Primavera passa o Inverno na Madeira", conclui o geógrafo.