Eu Amo-te Phillip Morris
A história verdadeira de Steven Russell parece feita à medida dos talentos histriónicos de Jim Carrey: um burlão que explora uma série de "personas" para esquecer quem é realmente, e que chega ao ponto de deixar de ser capaz de se desfazer das fachadas que inventa, por mais bem-intencionadas que o sejam. Mas o filme de John Requa e Glenn Ficarra (argumentistas do pequeno culto que é "O Anti Pai-Natal" de Terry Zwigoff, 2003), construído como se fosse uma sátira brutal das canções country pimbas e melosas sobre paixões assolapadas nascidas numa sexta-feira 13, perde na comparação com o "Delator!" (2009) de Steven Soderbergh, que explorava as mesmas fronteiras ténues entre vigarice e honestidade. Isso acontece em parte porque nunca consegue transcender o lugar-comum, quer dentro do seu território de subversão escolhido (a "família" que Russell/Carrey quer sustentar é o seu amante homossexual, mas a homossexualidade é aqui puramente revisteira) quer dentro da construção das personagens (fora Carrey, nem Ewan McGregor, no papel do amante, consegue ter mais do que um boneco para defender). Mas também porque, após a excelente primeira meia-hora, tudo se resume a uma sucessão de peripécias redundantes às quais a dupla de realizadores não consegue emprestar gravidade nem densidade. É mais uma oportunidade falhada para Carrey sair do gueto de actor cómico em que se meteu sozinho - mas, mais do que isso, é um filme que desperdiça o capital de simpatia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A história verdadeira de Steven Russell parece feita à medida dos talentos histriónicos de Jim Carrey: um burlão que explora uma série de "personas" para esquecer quem é realmente, e que chega ao ponto de deixar de ser capaz de se desfazer das fachadas que inventa, por mais bem-intencionadas que o sejam. Mas o filme de John Requa e Glenn Ficarra (argumentistas do pequeno culto que é "O Anti Pai-Natal" de Terry Zwigoff, 2003), construído como se fosse uma sátira brutal das canções country pimbas e melosas sobre paixões assolapadas nascidas numa sexta-feira 13, perde na comparação com o "Delator!" (2009) de Steven Soderbergh, que explorava as mesmas fronteiras ténues entre vigarice e honestidade. Isso acontece em parte porque nunca consegue transcender o lugar-comum, quer dentro do seu território de subversão escolhido (a "família" que Russell/Carrey quer sustentar é o seu amante homossexual, mas a homossexualidade é aqui puramente revisteira) quer dentro da construção das personagens (fora Carrey, nem Ewan McGregor, no papel do amante, consegue ter mais do que um boneco para defender). Mas também porque, após a excelente primeira meia-hora, tudo se resume a uma sucessão de peripécias redundantes às quais a dupla de realizadores não consegue emprestar gravidade nem densidade. É mais uma oportunidade falhada para Carrey sair do gueto de actor cómico em que se meteu sozinho - mas, mais do que isso, é um filme que desperdiça o capital de simpatia.