Grande entendimento entre Obama e Sarkozy quanto ao Irão e ao Afeganistão
Numa conferência de imprensa conjunta, na Casa Branca, depois de se terem reunido durante uma hora, Obama e Sarkozy concordaram em que a comunidade internacional deve impedir que a República Islâmica desenvolva armas atómicas.
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Numa conferência de imprensa conjunta, na Casa Branca, depois de se terem reunido durante uma hora, Obama e Sarkozy concordaram em que a comunidade internacional deve impedir que a República Islâmica desenvolva armas atómicas.
O Presidente norte-americano reconheceu que a campanha para a aplicação de sanções mais duras a Teerão não está a ser devidamente apoiada por alguns países, a começar pela China; mas insistiu em que o esforço de persuadir o Conselho de Segurança da ONU a impor novas medidas vai continuar a ser feito pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
“Não estou interessado em aguardar meses para que um novo regime de sanções entre em vigor. Quero que isso aconteça no prazo de algumas semanas. Estamos a trabalhar diligentemente com os nossos parceiros internacionais, sublinhando-lhes, como disse o Nicolas, que não é simplesmente uma questão de se tentar isolar o Irão, mas sim algo que tem enormes implicações para a segurança de toda a região”, afirmou Barack Obama.
O Presidente dos Estados Unidos disse que a posição geral a favor das sanções é agora “muito mais forte” do que há um ano; e Sarkozy respondeu-lhe que a França apoia totalmente a posição norte-americana, não só nesse caso mas também quanto à guerra no Afeganistão.
“Não nos podemos permitir perder essa guerra. Nem por nós nem pelo povo do Afeganistão, que tem o direito a viver em liberdade”, declarou o visitante.
“A derrota seria um preço demasiado elevado para a segurança dos norte-americanos, dos franceses e dos europeus em geral. No Afeganistão estamos a lutar pela segurança mundial”, acrescentou Sarkozy, que elogiou o anfitrião como um parceiro honesto em todos os assuntos que se deparam à comunidade internacional.
Obama retribuiu-lhe o elogio dizendo que estava a receber o líder do mais antigo aliado da América; e as conversações entre ambos passaram não só pelo Irão e pelo Afeganistão como, também, pelo Médio Oriente, a recessão global e a necessidade de uma política financeira coordenada.
Foi a primeira visita do Presidente francês à actual Administração norte-americana, tendo Sarkozy aproveitado para dizer que também falava em nome da chanceler alemã, do primeiro-ministro britânico e de outros dirigentes europeus ao sublinhar que “Obama é um homem que cumpre a sua palavra e em que se confia plenamente”.
Sob o signo de Benjamin FranklinDepois das conversações e da conferência de imprensa, o Presidente francês entregou ao seu homólogo as cartas credenciais que em 1778 acreditaram Benjamin Franklin, jornalista maçon inventor do pára-raios, como embaixador dos Estados Unidos em Paris, anunciou fonte diplomática francesa citada pela AFP.
Franklin, um dos líderes da Revolução Americana e, ao mesmo tempo, uma das glórias do iluminismo, foi o primeiro embaixador norte-americano na França, onde ficou até 1785.
Por isso mesmo, teve particular significado o facto de Sarkozy ter decidido presentear com aquele documento do século XVIII o homem que ontem o recebeu num jantar privado, entre dois casais. Apenas Michelle e Carla Bruni os acompanharam no repasto, antes de o ocupante do Eliseu ter apanhado o avião de regresso a Paris.
O filantropolo e abolicionista Benjamin Franklin ficou assim como a sombra tutelar deste grande entendimento entre duas potências, que por vezes têm tido as suas divergências mas que acabam sempre por se reencontrar.
À despedida, ainda houve tempo para Sarkozy deixar às duas filhas do casal Obama, Malia, de 11 anos, e Sasha, de 8, uma colecção de toda a série das aventuras de Astérix, pouco conhecidas nos Estados Unidos.