Moscovo em luto pelas 39 vítimas de duplo atentado
Com a circulação reposta na totalidade, mas com um aparato de segurança reforçado, os metropolitanos puseram em movimento os cerca de 8,5 milhões de passageiros diários em Moscovo, onde o pesar e ainda o medo é partilhado por todos.
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Com a circulação reposta na totalidade, mas com um aparato de segurança reforçado, os metropolitanos puseram em movimento os cerca de 8,5 milhões de passageiros diários em Moscovo, onde o pesar e ainda o medo é partilhado por todos.
“É verdadeiramente assustador. Tornou-se demasiado perigoso andar de metro, mas continuarei a fazê-lo. É preciso chegar à escola, ao trabalho, é preciso que nos mexamos”, afirmava esta manhã um jovem moscovita de 16 anos, Vasili Vlastinin, citado pela BBC online.
A câmara de Moscovo declarou dia de luto hoje, sendo esperado para breve os funerais das vítimas das explosões – duas, com 40 minutos de intervalo e em duas estações diferentes, causadas por bombistas suicidas, segundo as autoridades, com ligações a grupos terroristas do Norte do Cáucaso.
Os principais canais de televisão e rádio, locais e nacionais, mudaram toda a sua programação, deixando cair os segmentos de entretenimento e a publicidade. Os locais de divertimento – clubes, bares, cinemas e teatros – ficaram hoje de portas fechadas.
Nas estações de metro de Lubianka e Parque Kulturi – os dois alvos do ataque – há ramos de flores espalhados por todo o lado, em tributo das vítimas. O balanço das autoridades é de que 23 pessoas morreram no local da primeira explosão, outras 12 na segunda, e mais quatro já no hospital; sendo de esperar que esta contagem ainda venha a aumentar dada a gravidade de alguns dos mais de 70 feridos.
Desde o primeiro momento as lideranças russas apontaram o dedo à rebelião em crescendo nas repúblicas da Federação Russa no Cáucaso Norte. Contudo, ontem, já noite avançada, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, abriu porta a uma outra pista: de que os ataques contra a rede de metropolitano de Moscovo podem ter tido o apoio de rebeldes que operam na fronteira entre o Afeganistão e Paquistão.
“Sabemos que muitos atentados foram ali preparados, para serem levados a cabo não apenas no Afeganistão mas também em outros países e, em alguns casos, isso estende-se até ao Cáucaso”, afirmou no Canadá, onde participa numa reunião dos chefes de diplomacia dos países do G8.
O diário russo "Kommersant" avança na edição de hoje que os serviços secretos já teriam algumas pistas sobre a eventualidade deste duplo atentado, apoiando-se na informação de que “várias mulheres com aspecto de serem oriundas do Cáucaso foram detidas [em Moscovo, horas antes dos ataques], com a justificação de controlo de documentos”.