Inquérito à morte de MC Snake, um músico de Chelas que não parou ao aviso da polícia

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A família do homem morto hoje diz que há qualquer coisa mal contada na história Nélson Garrido

O agente que disparou mortalmente sobre o músico foi ouvido à tarde pela Polícia Judiciária, e constituído arguido. A vítima tinha 30 anos. Vivia com a mãe, em Chelas. “Costumava dizer a brincar que era casado com a mãe”, diz Sam the Kid (Samuel Mira), ao PÚBLICO. Nuno Rodrigues era o irmão mais novo numa família com quatro filhos. Deixa uma filha de dois anos. A morte ocorreu cerca das 5h, na Travessa de S. Domingos de Benfica, após uma perseguição policial que começou na Doca de Santo Amaro.

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O agente que disparou mortalmente sobre o músico foi ouvido à tarde pela Polícia Judiciária, e constituído arguido. A vítima tinha 30 anos. Vivia com a mãe, em Chelas. “Costumava dizer a brincar que era casado com a mãe”, diz Sam the Kid (Samuel Mira), ao PÚBLICO. Nuno Rodrigues era o irmão mais novo numa família com quatro filhos. Deixa uma filha de dois anos. A morte ocorreu cerca das 5h, na Travessa de S. Domingos de Benfica, após uma perseguição policial que começou na Doca de Santo Amaro.

Em comunicado, a PSP alega que “o condutor desobedeceu aos sinais regulamentares de paragem”. Seguiu-se a perseguição pelas ruas da capital, até à intercepção do fugitivo, na Radial de Benfica, onde, segundo a polícia, “foram efectuados disparos de arma de fogo”.

O autor do tiro mortal é um agente que tinha pouca experiência e estava há pouco tempo na corporação, disse fonte da PSP à agência Lusa. O carro, um Lancia Y10, de cilindrada 1000, com mais de 10 anos e problemas mecânicos, imobilizou-se. MC Snake não sobreviveria. Segundo a família, a bala que o matou perfurou a traseira do carro, atravessou dois bancos e atingiu o condutor nas costas. Dizem que o único ocupante da viatura terá sido atingido nos pulmões.

Jorge Rodrigues era um irmão inconformado. Não encontrava explicações, nem para a fuga do irmão, nem para o desfecho. Sam the Kid também não. “Pensei que era uma brincadeira, depois pensei que seria o irmão, a quem também chamam Snake”, acrescenta Sam, cuja última actuação com a vítima deste caso data de Dezembro de 2009, em Angola. O rapper soube da perda do amigo por volta das 12h. Não queria acreditar.

No comunicado, a PSP garantiu a abertura de um inquérito interno, que irá decorrer em paralelo com um processo-crime, dirigido pelo Ministério Público, para apurar se houve crime. Antes das conclusões, não haverá quaisquer declarações sobre o incidente “e o seu lamentável resultado”, acrescenta a nota.

Às 19h31, alguém deixou a seguinte mensagem numa página com a foto de Snake no MySpace: “a vida de bairro não é fácil. o bairro tira tudo o que dá, deu-te a vida mas também a tirou...”. Sam não consegue explicar por que terá o amigo desobedecido à PSP. “Não sei. Ele já tinha estado preso, mas essa vida era passado, agora era a música”, diz Sam, para quem a pergunta essencial é sobre o tiro. “O Snake era negro, rapper, de Chelas. Cria-se um estereótipo. Se fosse branco e usasse gravata, teriam disparado?” Podia ser só a letra de um rap. Infelizmente não é.

Notícia actualizada às 22h43