O Livro de Eli
Se a ideia de um western-spaghetti-xunga pós-apocalíptico onde o herói é um ninja que quer preservar o Livro Sagrado vos atrai; ou, melhor ainda, se não gostaram da adaptação por John Hillcoat da "Estrada" de Cormac McCarthy porque acharam que lhe faltava violência inane, "O Livro de Eli" é o vosso filme.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Se a ideia de um western-spaghetti-xunga pós-apocalíptico onde o herói é um ninja que quer preservar o Livro Sagrado vos atrai; ou, melhor ainda, se não gostaram da adaptação por John Hillcoat da "Estrada" de Cormac McCarthy porque acharam que lhe faltava violência inane, "O Livro de Eli" é o vosso filme.
A mais recente entrada hollywoodiana na ficção científica catastrofista, contudo, é mais interessante do que a descrição acima sugere. Os irmãos Hughes ("A Verdadeira História de Jack, o Estripador", 2001) exploram habilmente um imaginário a meio caminho entre o western (nas vertentes tradicionalista e "spaghetti"), o "chiaroscuro" da novela gráfica vertente Frank Miller (transposto para a fotografia amarelecida, queimada, de Don Burgess) e os desertos apocalípticos da trilogia "Mad Max". Denzel Washington invoca certeiramente a herança lacónica de Clint Eastwood, Gary Oldman excede-se na sua vilania de papelão, nem falta uma reviravolta final para deixar o povo de cabeça à toa. Chama-se a isto "pulp fiction" e, desde que não se veja "O Livro de Eli" como mais do que uma série B estilizada (sobretudo porque se o fizermos a coisa começa a desfazer-se), o filme cumpre sem enfado.