Instituto de Biologia Molecular e Celular defende rede nacional de biotérios regionais

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Existem três biotérios a funcionar no país Carlos Lopes

Em audição parlamentar, quer o director do IBMC, Cláudio Sunkel, quer o especialista João Relvas afirmaram que seria a melhor solução para o país em termos de experimentação científica com animais, em vez da construção de um biotério de três hectares na Azambuja, segundo o projecto da Fundação Champalimaud.

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Em audição parlamentar, quer o director do IBMC, Cláudio Sunkel, quer o especialista João Relvas afirmaram que seria a melhor solução para o país em termos de experimentação científica com animais, em vez da construção de um biotério de três hectares na Azambuja, segundo o projecto da Fundação Champalimaud.

Os especialistas foram ouvidos na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, um dia depois da plataforma que apresentou uma petição com mais de 4500 assinaturas contra o futuro biotério.

Na introdução inicial, Sunkel enumerou os três biotérios já acreditados e a funcionar (Coimbra, Gulbenkian e o próprio IBMC), tal como outros que estão em construção, programados ou quase concluídos, assim como um laboratório veterinário na Universidade Católica do Porto, que está fechado. Por isso, defendeu perante os deputados ser necessário avaliar a capacidade instalada no país.

Quanto à construção de um centro 3R (Reduction, Refinement e Replacement, em inglês Redução, Melhoramento e Substituição), proposta pelos peticionários e que segundo os especialistas será obrigatória a nível da legislação europeia, o especialista defendeu que esse local devia servir a rede constituída pelos biotérios regionais.

João Relvas sublinhou que em termos "de avanços conceptuais a construção de um novo biotério não é relevante per si".

"Não se deve centralizar, mas regionalizar e descentralizar com validação da experimentação animal e trazê-la ao maior número de pessoas possível", argumentou.

O especialista sublinhou a falta de um "número grande de pessoas qualificadas do ponto de vista técnico e ético" e por isso deve ser alargada a formação periódica já dada pelo IMBC e custeada pelos laboratórios.

O deputado José Bianchi, do PS, frisou a necessidade de continuar a existir experimentação animal. Os especialistas acrescentaram que, apesar de se avançar com alternativas, em áreas específicas é necessário ainda o recurso a animais.

O deputado disse também que mais importante seria "reforçar a cooperação para a optimização da capacidade instalada física, humana e aproveitamento dos animais em causa".

Michael Seufert, do CDS-PP, perguntou sobre números de importação de animais e obteve como resposta do IBMC a falta de capacidade instalada quanto a animais transgénicos em Portugal, mas que o número necessário de importações é reduzido.

Pelo Bloco de Esquerda, João Soeiro concluiu que o biotério proposto para a Azambuja "vai na direcção errada", enquanto Ferreira Gomes, do PSD e relator do relatório final, pediu informações financeiras e questionou como são compensados os custos dos "palácios", palavra que escolheu para caracterizar os biotérios.

Os dois especialistas do IBMC fizeram eco dos "preços fabulosos" de manutenção dos biotérios e da importância do debate das alternativas que podem substituir as experiências em animais.