Byrne quer calçar-nos os 3000 sapatos de Imelda Marcos
David Byrne vai lançar um disco sobre Imelda Marcos. Tão surpreendente como a ideia é a omissão da colecção de 3000 sapatos da viúva do déspota filipino Ferdinand Marcos. "Here Lies Love", a frase que Imelda escolheu para ser gravada na sua campa, dá nome ao álbum com data de lançamento marcada para Abril. Quem já o ouviu, num concerto diz que fazer dos sapatos um tabu é tão estranho como falar do Pinóquio sem referir o nariz.
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David Byrne vai lançar um disco sobre Imelda Marcos. Tão surpreendente como a ideia é a omissão da colecção de 3000 sapatos da viúva do déspota filipino Ferdinand Marcos. "Here Lies Love", a frase que Imelda escolheu para ser gravada na sua campa, dá nome ao álbum com data de lançamento marcada para Abril. Quem já o ouviu, num concerto diz que fazer dos sapatos um tabu é tão estranho como falar do Pinóquio sem referir o nariz.
Byrne quer fazer deste trabalho o novo "Evita". Mas, em vez de um musical, o músico prefere encará-lo como um drama sobre o triunfo do ego sobre a insegurança, "demonstrando o que as pessoas fazem para disfarçar as suas necessidades psicológicas", disse em entrevista ao "Times". Em vez da tirana manipuladora, o autor de "Psycho Killer" realça uma figura que mandou construir mais do que qualquer outro líder filipino e que, quando se tornou primeira dama na década de 60, "era mais amada do que os Kennedys". Após ter passeado a sua famosa bicicleta pelas Filipinas, o interesse de Byrne por Imelda surgiu, em 2003, por causa de um documentário televisivo sobre a filipina, "Beyond the Shoes". Com o lançamento de "Here Lies Love" espera que as pessoas "tentem colocar-se nos sapatos de Imelda Marcos".
Para além da recordista colecção de sapatos, a octogenária, que antes do convívio com o poder chegou a viver numa garagem, teve outras excentricidades: chegou a encher uma casa de maionese. Byrne diz que é mais fácil escrever sobre Imelda do que sobre uma boa pessoa como Mandela, e, embora tenha consciência de que estas extravagâncias podem dar um tom malévolo a Imelda, considera que "compreendendo o passado e o sentimento de inferioridade que partilhava com o seu país, estas peculiaridades tornam-na amorosa".
O projecto de 22 canções vai dar um CD duplo que inclui um pequeno livro ilustrado e um DVD - está a ser cozinhado há cinco anos. Para tal, Byrne conta com a colaboração de cerca de duas dezenas de cantoras - Martha Wainwright, Tori Amos, Santigold e Florence Welch são alguns dos nomes conhecidos - e de Norman Cook (aka Fatboy Slim). Byrne escreve as letras e trata das melodias, Fatboy Slim dita o ritmo.