Arons de Carvalho acusa Mário Crespo de pressões no tempo da RTP

Foto
Pedro Cunha

Questionado na Comissão de Ética sobre o caso da crónica de Mário Crespo não publicada no Jornal de Notícias, Arons de Carvalho afirmou ficar “chocado” com o facto de se dizer que o jornalista “foi emprateleirado na RTP” e “se fazer passar sempre apenas a versão Mário Crespo sem se falar com as pessoas que tiveram que lidar com o jornalista – como jornalistas acima de qualquer suspeita como Joaquim Furtado, Diana Andringa, Cesário Borga, João Grego Esteves -, questionando-se sobre quem ele é e que passado ele teve na RTP”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Questionado na Comissão de Ética sobre o caso da crónica de Mário Crespo não publicada no Jornal de Notícias, Arons de Carvalho afirmou ficar “chocado” com o facto de se dizer que o jornalista “foi emprateleirado na RTP” e “se fazer passar sempre apenas a versão Mário Crespo sem se falar com as pessoas que tiveram que lidar com o jornalista – como jornalistas acima de qualquer suspeita como Joaquim Furtado, Diana Andringa, Cesário Borga, João Grego Esteves -, questionando-se sobre quem ele é e que passado ele teve na RTP”.

“O jornalista Mário Crespo procurou junto do meu chefe de gabinete para que interviesse na RTP, para voltar para correspondente em Washington e que acabasse o processo disciplinar e sempre recusei”, denunciou Arons de Carvalho.

Sobre a não publicação da crónica, considera que “tal como a providência cautelar visava um efeito e acabou por ter um contraproducente, vistas as coisas hoje em dia, talvez o director do JN devesse publicar a crónica e depois logo se veria”. E acrescentou que “a crónica só ganhou visibilidade depois de não ser publicada”, e quem “mais ganhou com isso” foi Mário Crespo e não o JN.

O antigo governante e deputado socialista recusou que haja condicionalismos por parte do poder político sobre a comunicação social e defendeu que actualmente há liberdade de expressão e de imprensa em Portugal. Disse que “não há obstáculos à criação de empresas de comunicação social”, que “os jornalistas estão hoje mais defendidos com o novo Estatuto dos Jornalistas, com um conjunto de direitos como nunca existiu no país e constitui um ganho em relação ao anterior”; e existe “uma regulação mais pedagógica que invasiva”.

Arons de Carvalho defendeu que o Governo deve investir nas regras da transparência, no âmbito da legislação sobre a concentração dos meios de comunicação social, que o executivo acabou por meter na gaveta na última legislatura. “De facto ninguém sabe quem são os proprietários do jornal Sol”, realçou, acrescentando que nem ele próprio sabe. E defendeu que considera fundamental a questão da propriedade: “Acho importante que quem lê os jornais saiba quem são os donos. Isso previne os leitores em relação ao que lêem e para que percebam a motivação da informação.”

Jornal Nacional da TVI “era indigno”

O ex-secretário de Estado voltou a acusar o Jornal Nacional da TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes, de não cumprir “regras mínimas deontológicas”: “Tinha como objectivo a perseguição directa ao primeiro-ministro recorrendo à mentira. Era indigno, fazia um tipo de jornalismo que nunca pensei que fosse possível num país como o nosso.”


Questionado sobre se foram cumpridas as regras aquando da suspensão do programa, Arons reconheceu: “Penso que não foram cumpridas todas as regras legais, terá havido intromissão da administração na informação.” No entanto, realçou que “antes disso não cumpria lei nenhuma, embora isso também não seja justificação”.

Notícia actualizada às 18h40