Alemanha contra o Google Street View

Foto
Uma rua de Lisboa no Google Street View DR

O Google Street View é um serviço do Google Maps que permite ver imagens reais das ruas e edifícios que se pesquisam no Google. Para tal, a Google tira fotografias de 360 graus através de câmaras instaladas no tejadilho de carros que percorrem as ruas das cidades.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Google Street View é um serviço do Google Maps que permite ver imagens reais das ruas e edifícios que se pesquisam no Google. Para tal, a Google tira fotografias de 360 graus através de câmaras instaladas no tejadilho de carros que percorrem as ruas das cidades.

A ministra alemã do Consumo, Ilse Aigner, anunciou que estão a ser estudadas medidas legais e possíveis mudanças na legislação, advertindo que a Google está a recolher uma quantidade crescente de informações pessoais acerca dos cidadãos.

Para Aigner, a Google teria que ser obrigada a obter a permissão dos cidadãos para poder publicar fotografias das suas casas e este serviço do gigante tecnológico americano constitui uma intromissão na esfera privada dos cidadãos.

“A cobertura fotográfica completa não é mais que uma intromissão a uma escala gigantesca na esfera privada”, afirma a ministra. “Recuso esta falta de privacidade. Nenhum serviço secreto em todo o mundo teria conseguido imagens de forma tão decidida”, declarou.

Aigner também já se pôs em contacto com o ministério do Interior e afirma estar satisfeita com o acolhimento que as suas críticas ao serviço da Google aí tiveram. Ambos os ministérios concordam com a necessidade de uma regulação.

“Gostaria de saber quem é que tem realmente o controlo dos dados recolhidos”, questiona-se a ministra, citada pelo “El Mundo”. “A Google já conta hoje em dia com perfis pessoais mais precisos que os que possa ter qualquer governo”, alertou a governante, declarando-se “espantada” pelo facto de as autoridades nacionais e internacionais estarem a permitir que isso aconteça.

Na sua opinião, a Google não é um serviço gratuito, mas antes um serviço que os cidadãos pagam com os seus dados pessoais e a perda de privacidade.

“O que tenta é ter acesso a todos os âmbitos da nossa vida privada, para vender os nossos dados para fins publicitários”, conclui a ministra alemã.

O grande detalhe das imagens do Street View já levantou alguns problemas de privacidade noutros países. Actualmente, as caras das pessoas fotografadas e as matrículas dos carros surgem desfocadas – mas, aquando da estreia mundial do serviço, em algumas cidades dos EUA, esta informação era visível. Foi só na sequência de queixas que a Google decidiu utilizar tecnologia de desfoque.

Em Portugal, a empresa trabalhou com a Comissão Nacional de Protecção de Dados para assegurar a legalidade do serviço, estando já disponíveis online as ruas de Lisboa e do Porto.

O Street View incorpora um formulário que permite ao utilizador queixar-se de uma imagem. Depois de recebida a queixa, a imagem em questão deixa temporariamente de aparecer no serviço até a empresa decidir o que fazer – e que pode passar pela remoção e substituição por uma nova imagem.

Já na Grécia, a Google foi impedida de fotografar as ruas das cidades. E numa cidade japonesa a empresa teve de voltar a tirar as fotografias, porque a altura das câmaras fotográficas (as imagens são captadas por carros identificados, com câmaras assentes no tejadilho) fazia com que as imagens mostrassem áreas privadas de algumas casas.