O Exército do Crime

Guédiguian é conhecido sobretudo pelos seus filmes marselheses, regionalistas e - por vezes - politicamente empenhados. Em "Um Passeio Pela História", o último filme dele que se estreou em Portugal ("O Exército do Crime", se as contas não falham, é a terceira vez que o acontecimento se produz), filmava os derradeiros meses de Mitterrand, belo "teatro político" misterioso e elegíaco. "O Exército do Crime", outra vez longe de Marselha (mas abrindo para a ascendência arménia do cineasta), mergulha no tempo da Ocupação, e conta a história de uma célebre organização da Resistência francesa.

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Guédiguian é conhecido sobretudo pelos seus filmes marselheses, regionalistas e - por vezes - politicamente empenhados. Em "Um Passeio Pela História", o último filme dele que se estreou em Portugal ("O Exército do Crime", se as contas não falham, é a terceira vez que o acontecimento se produz), filmava os derradeiros meses de Mitterrand, belo "teatro político" misterioso e elegíaco. "O Exército do Crime", outra vez longe de Marselha (mas abrindo para a ascendência arménia do cineasta), mergulha no tempo da Ocupação, e conta a história de uma célebre organização da Resistência francesa.


Ainda a História, mas aqui, ao contrário do filme com Mitterrand, os factos sobrepõem-se à abstracção (o que quer dizer que a narração é mais convencional, eventualmente, nalguns momentos, mais "televisiva", não que os factos sejam incontestáveis: em França discutiu-se muito a fidelidade factual do filme). Mas a "atmosfera de II Guerra", a angústia, a urgência, são garantidas, com uma frieza vem de Melville (cujo "Exército das Sombras" é citado no próprio título) e, para lá da História e das histórias, com um tema - a aprendizagem da impiedade, do sangue-frio, do "crime" como resposta ao "crime" (dos nazis) - digno da tragédia clássica. Guediguian não chega lá (à tragédia clássica), mas em tempo de vacas magras torcer-lhe o nariz é que seria verdadeiramente criminoso.