Cavaco e Sócrates convergem no apelo à “unidade” dos portugueses

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Os chefes de Estado e de Governo esta manhã, na cerimónia Adriano Miranda

Em vésperas da reunião do Conselho de Estado e da discussão do Orçamento do Estado, a cerimónia de ontem do Porto foi aproveitada para tornar público um clima de diálogo e conciliação. Cavaco Silva realçou que as comemorações “poderão ser a semente de um novo espírito de cidadania”. E apontou o amor à pátria e a ética na vida pública como os valores que identificam o republicanismo.

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Em vésperas da reunião do Conselho de Estado e da discussão do Orçamento do Estado, a cerimónia de ontem do Porto foi aproveitada para tornar público um clima de diálogo e conciliação. Cavaco Silva realçou que as comemorações “poderão ser a semente de um novo espírito de cidadania”. E apontou o amor à pátria e a ética na vida pública como os valores que identificam o republicanismo.

“A virtude da política democrática”, acentuou o chefe de Estado, “reside sobremaneira na sua aptidão para, partindo da divergência, mobilizar e criar a unidade.” “Só assim poderemos promover a convergência entre os valores de sempre e as exigências de adaptação a novos tempos.” Uma postura inevitável, pois, lembrou o Presidente, “como em poucas ocasiões na nossa História, precisamos de estar unidos”.

O apelo de Cavaco Silva foi feito ao país, através da transmissão directa pela televisão e às centenas de pessoas que, apesar da chuva, acorreram à Baixa do Porto para assistirem ao vivo à abertura do centenário da República. O Presidente não esqueceu o significado do início das celebrações coincidir com mais um aniversário da Revolução do 31 de Janeiro, derrotada 19 anos antes da queda definitiva da monarquia.

O Governo em peso, dois ex-presidentes da República, Mário Soares e Jorge Sampaio, e numerosas individualidades assistiram às celebrações, que incluíram um desfile das tropas em parada, antecedida pela evocação dos mortos em combate feita por um capelão militar. José Sócrates apelou aos portugueses para se unirem “em torno dos valores superiores que nos identificam como povo e cidadãos da República”.

O primeiro-ministro apelou ao envolvimento de todos para a construção de “uma democracia aberta e contemporânea, um país de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres”. “Serve-se a República, com abertura à mudança e espírito reformista, fazendo de Portugal um país mais moderno e próspero (...), dando em todos os momentos, mas sobretudo nos mais difíceis e exigentes, um exemplo de fidelidade aos princípios e de firmeza na acção”.

Bisneto, neto e filho de resistentes à monarquia e ao Estado Novo, Artur Santos Silva, presidente da Comissão do Centenário da República, realçou “a necessidade de lutar por uma República moderna, mais eficiente e ainda mais democrática”. Para isso, lembrou, “necessitamos, sempre e sempre, de instituições democráticas mais fortes, mais adequadas ao nosso tempo”. E de “um programa de mudança que tem de se traduzir não apenas na renovação, mas também na regeneração do regime democrático”.