Cinco é o número mágico de Four Tet
Ao longo de três álbuns, "Dialogue" (1999), "Pause" (2001) e "Rounds" (2003), o inglês Kieran Hebden, ou seja Four Tet, foi capaz de criar uma sonoridade simples, clara e concisa, assente em momentos de abstracção electrónica e ritmos inspirados em linguagens pós-hip-hop. Depois surgiu "Everything Ecstatic" (2005) e mergulhou no caos, entre improvisações jazzísticas e marcas de psicadelismo rock, talvez consequência de colaborações com o baterista de jazz Steve Reid e da convivência com os Animal Collective.
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Ao longo de três álbuns, "Dialogue" (1999), "Pause" (2001) e "Rounds" (2003), o inglês Kieran Hebden, ou seja Four Tet, foi capaz de criar uma sonoridade simples, clara e concisa, assente em momentos de abstracção electrónica e ritmos inspirados em linguagens pós-hip-hop. Depois surgiu "Everything Ecstatic" (2005) e mergulhou no caos, entre improvisações jazzísticas e marcas de psicadelismo rock, talvez consequência de colaborações com o baterista de jazz Steve Reid e da convivência com os Animal Collective.
Agora, de novo, outra coisa. O ano passado havia encetado uma colaboração com Burial, no excelente EP "Moth' / Wolf Club", e criou uma residência como DJ num clube londrino, o Plastic People. Os dois acontecimentos inspiraram-no. Não começou a fazer dubstep atmosférico, como Burial, mas parece ter-se deixado seduzir pelo mesmo tipo de climas nocturnos e pela mesma possibilidade de envolver fragmentos vocais em texturas emotivas. Também não criou um álbum de dança hedonista, mas as estruturas rítmicas estão próximas da música house, versão preguiçosa e micro.
São temas longos, instrumentais, alguns com motivos vocais, que tanto reflectem a dimensão física da música, como nos conseguem transportar para outros universos, com melodias cintilantes, sons concretos, sintetizadores borbulhantes e movimentos rítmicos repetitivos, circulares e expansivos.
Parece ser, em simultâneo, o seu álbum mais difícil e acessível. Difícil, porque os temas estão cheios de detalhes, camadas que se vão sobrepondo continuamente, vagas acústicas que se diluem em mantos de complexidade digital. Acessível, porque a base de sustentação dos temas, apesar de tudo, parece ser bem mais universal do que as suas mais recentes experiências. Seja o que for, é magnífico.