Barco de activistas destruído em protesto contra caça à baleia na Antárctida
De acordo com a Sea Shepherd, o “Shonan Maru 2” – um dos navios destacados para garantir a segurança da frota japonesa nesta época de caça face aos protestos de activistas – colidiu intencionalmente com o “Ady Gil”, arrancando quase dois metros e meio da proa da embarcação em fibra de carbono. Os danos são “catastróficos” e parece inevitável o seu naufrágio.
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De acordo com a Sea Shepherd, o “Shonan Maru 2” – um dos navios destacados para garantir a segurança da frota japonesa nesta época de caça face aos protestos de activistas – colidiu intencionalmente com o “Ady Gil”, arrancando quase dois metros e meio da proa da embarcação em fibra de carbono. Os danos são “catastróficos” e parece inevitável o seu naufrágio.
Os tripulantes - quatro neozelandeses, um australiano e um holandês – foram resgatados das águas da Antárctida por outro navio da associação, o quebra-gelos “Bob Barker”, que suspendeu a “perseguição” do “Nisshin Maru” para ir em seu auxílio. Ninguém ficou ferido, segundo a associação.
O capitão do "Ady Gil", o neozelandês Pete Bethune, contou ao jornal australiano "The Age" que o navio japonês de mil toneladas colidiu com o seu barco, de 18 toneladas. "Ao início pensámos que eles iam disparar canhões de água para nós e disse à minha tripulação para se proteger. Mas eles abalroaram-nos... Foi um milagre termos sobrevivido".
“Os baleeiros japoneses elevaram este conflito para um nível muito violento”, comentou Paul Watson, porta-voz da associação que tem três embarcações a tentar evitar a caça à baleia numa zona considerada santuário para estes animais.
Watson também acusou os japoneses de utilizarem voos de vigilância para detectar os barcos dos activistas e enviar navios para os perseguirem.
O Japão afirma que o seu navio não conseguiu evitar a colisão. A Agência de Pescas japonesa diz que a colisão se deu porque o “Ady Gil” abrandou, de forma repentina, quando estava à frente do navio japonês. Pela sua parte, o “Shonan Maru 2” não sofreu danos e a tripulação está bem.
A frota japonesa acusou os activistas de terem tentado encravar as hélices do “Nisshin Maru” com cordas e de terem apontado um laser verde em direcção à tripulação. Mas o "Ady Gil" acabou a ser perseguido pelo "Shonan Maru 2".
“As actividades de obstrução pelo SS (Sea Shepher) são actos perigosos que ameaçam os navios envolvidos na caça à baleia para fins de investigação científica e as vidas dos seus tripulantes. Não podem ser perdoados”, declarou a agência nipónica.
O Governo neozelandês vai ordenar um inquérito ao sucedido.
A caça comercial à baleia está proibida desde 1986 por uma moratória no âmbito da Comissão Baleeira Internacional. Mas o Japão continua a matar os animais, alegando fins científicos.
A frota japonesa partiu a 19 de Novembro para mais uma época de caça à baleia nas águas da Antárctida. A meta para 2009/2010 é caçar 850 baleias-anãs e 50 baleias-comuns.
“Se eles pensam que os nossos dois navios que restam [“Bob Barker” e “Steve Irwin”] vão bater a retirada deste santuário para baleias, em face do seu extremismo, estão muito enganados”, disse Paul Watson, responsável pelo protesto que partiu da Austrália há um mês. “Passámos a ter em mãos uma verdadeira guerra pelas baleias e não temos a mais pequena intenção de retirada”.
Apesar de tudo, Watson reconhece que esta é uma “perda substancial” para a associação. “O ‘Ady Gil’, antigo ‘Earthrace’, representa uma perda de quase dois milhões de dólares. Mas a perda de uma única baleia é mais importante para nós. Não vamos perder o ‘Ady Gil’ em vão. Este duro golpe só reforça a nossa determinação e não enfraquece o nosso espírito”, disse o também capitão do “Steve Irwin”.
A associação pede ao Governo australiano que envie, “o mais depressa possível”, um navio da marinha para restabelecer a paz nas águas territoriais da Austrália e defender as baleias e os 21 cidadãos australianos que fazem parte da tripulação de 77 pessoas, de 16 nações, a bordo dos três navios.
Mas o Governo australiano apelou à calma e recusou enviar qualquer navio. “O risco de acidente é alto e a capacidade de resgate nestas áreas é baixa. É absolutamente essencial que seja exercida a prudência por ambas as partes”, declarou o ministro australiano do Ambiente Peter Garrett.