Bolsas estiveram perto da hecatombe mas acabaram em forte alta
Depois da reunião do G20, onde foi decidida uma injecção de 1,1 bilião de dólares no FMI para socorrer países em dificuldade e as maiores economias mundiais se comprometeram a trabalhar juntas para travar a maior recessão mundial desde a Grande Depressão, os índices iniciaram uma recuperação que chegou a ser considerada excessiva.
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Depois da reunião do G20, onde foi decidida uma injecção de 1,1 bilião de dólares no FMI para socorrer países em dificuldade e as maiores economias mundiais se comprometeram a trabalhar juntas para travar a maior recessão mundial desde a Grande Depressão, os índices iniciaram uma recuperação que chegou a ser considerada excessiva.
"Viveram-se momento de pânico que acabaram por gerar grandes oportunidades de investimento nos meses seguintes", explicou ao PÚBLICO um operador de mercado, acrescentando que "foi assustador ver as coisas mudarem de forma tão rápida".
As taxas de juro em mínimos históricos; os programas de estímulo económico; a não confirmação dos piores cenários de deflação; e a saída gradual de algumas economias da recessão foram fundamentais para criar um clima de confiança nos mercados.
Os índices dos mercados maduros terminaram todos com ganhos elevados, que mesmo assim estão longe de conseguir anular as perdas no ano anterior. Os ganhos de Março até ao final do ano impressionam ainda mais, porque, em vários casos, mais do que duplicam o valor anual consolidado. E alguns mercados emergentes registaram-se valorizações extraordinárias, como o Brasil, a Rússia e a Indonésia, com subidas próximas e acima dos 100 por cento.
Na Europa, e a apenas a uma sessão do fecho do ano, a Bolsa de Lisboa conseguiu um dos maiores ganhos anuais, de 34,05 por cento, ainda assim longe de compensar a queda de 51 por cento de 2008. A superar o ganho de Lisboa esteve o principal índice holandês, a AEX, que subiu 36,27 por cento.
Em Espanha, a braços com uma recessão grave, o IBEX 35 conseguiu um ganho de quase 30 por cento, o que se explica pelo facto de mais de metade do volume de negócios das 35 empresa que integram o índice ter origem fora do país. É também a internacionalização das empresas portuguesas que explica as valorizações muito acima do desempenho da economia nacional.
Os maiores índices bolsistas europeus, o FTSE 100 de Londres e o Dax alemão, ultrapassaram ligeiramente os 20 por cento. Desde Março, estes índices subiram 56 e 66 por cento, respectivamente.
Ganhos destacados obteve o norte-americano Nasdaq 100, a superar os 50 por cento, e o asiático Hang Seng, que se aproximou dos 50 por cento.
As perspectivas para 2010 são positivas, mas com a um ritmo menor. Os mercados deverão evoluir de forma cautelosa, no sentido de avaliar como é que as economias mundiais vão recuperar, num cenário em que os estímulos económicos vão começar a ser retirados, tal como na zona euro.
As baixas taxas de juro por mais algum tempo deverão "empurrar" os investidores para os produtos de maior risco, mas o movimento dos mercados não será homogéneo, já que as economias emergentes estão com ritmos de recuperação superiores.