Autarca de Peso da Régua lamenta "erro clamoroso" na previsão de cheias
O alerta do Centro de Previsão e Prevenção de Cheias do Rio Douro veio ontem à tarde e dava conta da chegada das águas à avenida principal à beira-rio da cidade, em resultado de um débito de seis mil metros cúbicos por segundo da Barragem de Bagaúste; a realidade ficou-se pelos três mil metros cúbicos por segundo e “a água ficou a seis metros da avenida”, conta o autarca.
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O alerta do Centro de Previsão e Prevenção de Cheias do Rio Douro veio ontem à tarde e dava conta da chegada das águas à avenida principal à beira-rio da cidade, em resultado de um débito de seis mil metros cúbicos por segundo da Barragem de Bagaúste; a realidade ficou-se pelos três mil metros cúbicos por segundo e “a água ficou a seis metros da avenida”, conta o autarca.
Depois de avisados pela câmara cerca de metade dos comerciantes da avenida decidiram ontem despejar as suas lojas e “hoje, dia de feira, muitos não têm condições para fazer negócio”, nota o autarca. “Ainda bem que não se concretizou, mas criou uma situação de transtorno”.
Nuno Gonçalves lembra que em 2006 houve uma previsão cheias que acabou por ser realidade mas diz que “nunca se ficou tão longe das previsões”. “Eu sei que há um conjunto de variáveis” mas neste caso pensa que houve “pouco rigor na avaliação que foi feita”.
Contactado pelo PÚBLICO, o responsável pelo Centro de Previsão e Prevenção de Cheias do Rio Douro, Fragoso Gouveia, escusou-se a comentar as declarações do autarca.
Fonte da capitania local informou hoje a Lusa que o caudal do rio Douro está a descer, não se prevendo qualquer risco de cheia nas zonas ribeirinhas do Porto e Gaia até à próxima preia-mar, esperada para as 13h40.
Segundo fonte da Capitania do Douro, as barragens espanholas continuam a descarregar, mas o caudal do Douro está a descer.
“Para já não há indicação de risco de cheia até à próxima preia-mar (maré cheia), prevista para as 13h40”, acrescentou.
O principal indicador de risco de cheias na zona do estuário do Douro é o volume de água debitado pela barragem de Crestuma-Lever.
O primeiro patamar de alerta (a chamada fase de aviso) é atingido com os dois mil metros cúbicos por segundo e o segundo (da fase de alerta) é de 3.500 metros cúbicos. Segundo a fonte da Capitania do Douro, actualmente a barragem de Crestuma Lever está a debitar “perto dos quatro mil metros cúbicos por segundo”.
Também no Sul as previsões acabaram por não ser tão más como se previam. A aldeia de Reguengo do Alviela, distrito de Santarém, não ficou hoje isolada devido ao aumento do leito da bacia do rio Tejo como chegou a estar previsto pela Protecção Civil, contudo houve inundação na zona baixa de Constância.
A Protecção Civil prevê agora que o isolamento da aldeia de Reguengo do Alviela possa não vir a acontecer dada a redução significativa de caudais que aconteceu durante a noite, devido sobretudo à redução de descargas da barragem de Fratel.
Segundo o Centro de Operações de Socorro de Santarém (CDOS), confirmou-se apenas a submersão de parte da zona baixa de Constância, junto ao parque de estacionamento próximo do rio e na zona das margens, e ainda a submersão do Cais de Tancos. A zona baixa de Vila Nova da Barquinha não sofreu a inundação prevista.
Mantêm-se as situações de submersão da estrada nacional 365 na zona da Ponte do Alviela, da estrada municipal 1338, junto à ponte de freguesia de São Vicente do Paul e da Estrada do Campo (EM 1348) entre a Ribeira de Santarém e Vale de Figueira.
Está ainda cortada ao trânsito a estrada de Alcaides, na confluência da freguesia de Pernes com S. Vicente do Paul.
Apesar da melhoria dos caudais do rio, o mau tempo e a chuva devem continuar até dia 1 de Janeiro e, por isso, para já a Protecção Civil mantém activado o nível amarelo do Plano Especial de Emergência para Cheias do Tejo.
Prevê-se ainda que possa existir um novo pico de cheia na barragem do Fratel ainda durante o dia de hoje, o que pode obrigar a uma nova actualização das situações em risco de inundação.
Notícia alterada às 11h10