Putin inaugurou oleoduto Sibéria Oriental-Pacífico

“Trata-se de um projecto estratégico que permitirá ao país instalar-se em novos mercados da Região Asiática do Pacífico”, declarou Putin, acrescentando que as obras foram realizadas “sem atrasos no contexto da crise financeira mundial”.

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“Trata-se de um projecto estratégico que permitirá ao país instalar-se em novos mercados da Região Asiática do Pacífico”, declarou Putin, acrescentando que as obras foram realizadas “sem atrasos no contexto da crise financeira mundial”.

Segundo Putin, o custo da primeira fase do pipeline VSTO 1, com capacidade de 30 milhões de toneladas de crude por ano, foi de 360 mil milhões de rublos (cerca de oito mil milhões de euros) e outros 60 mil milhões (cerca de 1500 milhões de euros) serão investidos na construção do porto de Kozmino, com capacidade para 15 mil milhões de toneladas.

Na primeira etapa, já realizada, foi construído um oleoduto com 2694 quilómetros de comprimento entre as localidades de Taichet e Skovrodino. Depois, novos tubos ligarão Skovrodino ao terminal marítimo de Kozmino, na Costa do Pacífico.

Além disso, o projecto prevê a construção de um ramal do oleoduto que irá chegar à fronteira da China. A obra inaugurada por Putin foi parcialmente financiada com um empréstimo chinês de cerca de 20 mil milhões de euros, tendo Pequim recebido em troca fornecimentos garantidos de petróleo durante vinte anos.

Este pipeline transportará petróleo para consumidores como o Japão, Coreias do Norte e Sul e Estados Unidos.

Segundo os planos governamentais, através do VSTO 1 e do VSTO 2, que virão a ter mais de 4000 quilómetros de comprimento, as petrolíferas russas irão escoar até 80 milhões de toneladas de crude por ano.

O novo oleoduto irá ligar-se aos pipelines existentes da Transneft, empresa pública russa que tem o monopólio de transporte de crude no país, permitindo criar um sistema único que permitirá controlar a distribuição das correntes petrolíferas pelo território da Rússia no sentido Este-Oeste.

Considerada uma obra de engenharia sem precedentes, o VSTO 1 passa por zonas de relevo complicado, elevada actividade sísmica e a 40 quilómetros do Lago Baical, uma das maiores reservas de água doce do mundo.

Volume de produção não justifica obra

Actualmente, a Sibéria Oriental produz cerca de um milhão de toneladas de crude anualmente, o que é claramente insuficiente para justificar a rentabilidade da obra.

Daí o Governo russo ter concedido um regime de exoneração fiscal durante dez anos às petrolíferas russas. Isto fará com que o erário público não vá receber por ano cerca de quatro mil milhões de euros.

Peritos citados pelo jornal electrónico newsru.com estão cépticos quanto à possibilidade de as petrolíferas chegarem a conseguir a extracção anual de 30 milhões de toneladas nos próximos anos.

Além disso, Serguei Bogdantchikov, director da Rosneft, a maior petrolífera pública russa, anunciou que o preço de extracção de um barril de petróleo e do seu transporte até ao pipeline da Transneft será de 80 dólares.

Segundo o newsru.com, a extracção de petróleo naquela região só será rentável se o preço do crude chegar aos 137 dólares (95 euros ao câmbio actual) por barril.