Bispo do Porto contra abolição de feriados como forma de combater a crise
“Ter momentos de celebração é, também, uma boa maneira de combater a crise”, frisou D. Manuel Clemente, em declarações aos jornalistas no final da missa de Natal, celebrada na Sé do Porto.
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“Ter momentos de celebração é, também, uma boa maneira de combater a crise”, frisou D. Manuel Clemente, em declarações aos jornalistas no final da missa de Natal, celebrada na Sé do Porto.
O bispo do Porto reagia, assim, à posição defendida pelo vice-presidente da AEP: em declarações à Lusa, Paulo Nunes de Almeida aponta a abolição de feriados como uma “medida excepcional” necessária num “período excepcionalmente difícil”.
“Se forem ocasiões aproveitadas criativamente, serão, certamente, um óptimo factor de produtividade e de encontrarmos razões acrescidas para continuarmos”, defendeu D. Manuel Clemente.
A Associação Empresarial de Portugal defende a redução do número de feriados, como forma de combater a crise e o desemprego, a começar pelo 1º de Dezembro, que celebra a autonomia do país face a Espanha.
“Estamos num período excepcionalmente difícil, perante o qual devem ser tomadas medidas excepcionais”, disse à agência Lusa o vice-presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida.
Os empresários já fizeram as contas e afirmam que Portugal tem mais dois feriados do que a média da União Europeia.
E, “em particular, [comparando] com os últimos países a entrar na União - aqueles com que concorremos mais directamente - temos claramente mais feriados e mais férias”, indicou o responsável da AEP.
“Na nossa opinião, justificava-se que Portugal reduzisse o número de feriados e pudéssemos trabalhar mais horas. Teria impacto no Produto Interno Bruto” (PIB), defendeu.
A AEP considera que, numa altura em que está em causa “a sobrevivência dos postos de trabalho”, seria “facilmente compreensível um esforço colectivo”.
Questionado sobre os feriados que poderiam eventualmente ser “sacrificados”, o dirigente da AEP identificou o dia que assinala a Restauração da Independência, face a Castela, dada a “situação caricata” que algumas empresas têm transmitido a esta estrutura.
“Estamos num contexto ibérico. Temos a nossa História e deve ser preservada e estudada, mas poderá ser um pouco contra-natura” manter esse feriado, defendeu.
É que, alegou, há cada vez mais “sinergias entre empresas” dos dois lados da fronteira e no dia-a-dia todos estão a ser “empurrados para colaborar”.
“Estamos preocupados com a situação do país e há várias formas de a resolver, não há só uma”, frisou, acrescentando: “O PIB não está a crescer como devia crescer e temos de olhar também para os outros países”.
Para Paulo Nunes de Almeida, a grande preocupação dos portugueses neste momento deve ser o emprego, seja aquele que se pretende manter, seja o que precisa de ser criado.
“Não podemos querer a globalização e depois ficarmos agarrados ao que nos dá jeito”, sublinhou.
Portugal tem 14 feriados nacionais: sete religiosos e cinco históricos, mais o Ano Novo e o Carnaval, além dos municipais, normalmente associados aos santos populares.
Em 2010, cinco feriados coincidem com o fim-de-semana: 25 de Abril, 1.º de Maio, 15 de Agosto e Natal, além da Páscoa.