Bento XVI proclamou "veneráveis" os papas João Paulo II e Pio XII
A assinatura do decreto estava já prevista e tinha sido anunciada para o caso de João Paulo II. Mas o reconhecimento de Pio XII como venerável apanhou toda a gente de surpresa. O próprio postulador (responsável) da causa de beatificação, o padre jesuíta Peter Gumpel, tinha dito em Junho que o Papa receava avançar com o processo. Bento XVI considerava que podia comprometer as relações entre a Igreja Católica e os judeus - este é mesmo o dossier que mais fricção levanta entre as duas confissões e vários grupos judaicos tinham já pedido o congelamento do processo.
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A assinatura do decreto estava já prevista e tinha sido anunciada para o caso de João Paulo II. Mas o reconhecimento de Pio XII como venerável apanhou toda a gente de surpresa. O próprio postulador (responsável) da causa de beatificação, o padre jesuíta Peter Gumpel, tinha dito em Junho que o Papa receava avançar com o processo. Bento XVI considerava que podia comprometer as relações entre a Igreja Católica e os judeus - este é mesmo o dossier que mais fricção levanta entre as duas confissões e vários grupos judaicos tinham já pedido o congelamento do processo.
O Papa Ratzinger tem, no entanto, defendido o papel de Pio XII. Apoiando-se nos arquivos do Vaticano, que continuam classificados e estão por isso inacessíveis ao comum dos investigadores, Bento XVI está convencido que o Papa Pacelli salvou muitos judeus. O próprio Papa deu ordens para acelerar a catalogação dos arquivos, soube-se em Maio, quando Ratzinger cumpriu a sua viagem a Israel.
O sceretário-geral do Conselho Central de Judeus alemães manifestou-se "triste e furioso, porque a Igreja Católica tenta reescrever a história", disse Stephan Kramer à AFP.
No caso de João Paulo II, a proclamação de venerável é o último passo antes da beatificação. A AFP citou vários jornais italianos que asseguram que a beatificação pode ser já no próximo ano. No funeral do Papa Wojtyla, em 2005, milhares de pessoas gritaram "Santo subito" (santo, já").
A proclamação popular da santidade existiu durante séculos na história da Igreja e muitos queriam que isso sucedesse também com João Paulo II. Certo é que o processo de beatificação foi aberto dois meses depois da morte de Karol Wojtyla, o primeiro polaco a ocupar o lugar. A regra é que passem pelo menos cinco anos após a morte do candidato a santo.
Também ontem, Bento XVI aprovou a beatificação do padre polaco Jerzy Popieluszko, assassinado pela polícia do regime comunista. Popieluszko foi preso em Outubro de 1984, após a celebração da missa. Torturado até à morte, o corpo foi depois atirado ao rio Vístula, 120 quilómetros a norte de Varsóvia. O processo para a beatificação foi iniciado em 2001.