Ministério da Saúde alerta para maior frequência de enfartes e AVC em Dezembro e Janeiro
A principal explicação para a maior incidência é simples: há um aumento dos AVC porque o frio funciona como "um factor desencadeante", explica o coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira. No caso do enfarte há mais infecções respiratórias e o frio também pode funcionar como "um gatilho de problemas cardiológicos".
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A principal explicação para a maior incidência é simples: há um aumento dos AVC porque o frio funciona como "um factor desencadeante", explica o coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira. No caso do enfarte há mais infecções respiratórias e o frio também pode funcionar como "um gatilho de problemas cardiológicos".
Mas também a questão emocional pode ser um factor, mais secundário. Na época das festas "há junções familiares, às vezes problemas familiares", o que pode ter mais impacto no caso do enfarte, diz.
A escolha deste período para lançar a campanha teve a ver também com o facto de "as pessoas estarem mais desatentas aos problemas de saúde". A campanha da coodenação nacional, que faz parte do Alto Comissariado da Saúde, insere-se no programa de implementação da Via Verde Coronária e Via Verde de AVC, um circuito em que os doentes são encaminhados para unidades especializadas que começaram a ser criadas em alguns hospitais em 2007. O objectivo é aumentar o número de doentes admitidos nestas unidades pouco tempo após os primeiros sintomas.
O objectivo é evitar que as pessoas estejam várias horas com sintomas sem fazer nada, ou então dirigirem-se às urgências mais próximas, "perdendo mais tempo ainda", sublinha o responsável. "É preciso pôr a pessoa no sítio certo, que não é necessariamente o mais próximo". Neste momento há 20 hospitais com Via Verde Coronária (para o enfarte) e 35 com Via Verde AVC. Rui Cruz Ferreira diz que neste último caso ainda há zonas de país sem cobertura, como é o caso da região de Santarém/Torres Novas.
A Via Verde é accionada pelo cidadão, através do número 112, envolvendo a intervenção do Instituto Nacional de Emergência Médica no diagnóstico, eventual tratamento pré-hospitalar e adequado encaminhamento para os hospitais com unidades especializadas.
A campanha do Ministério da Saúde procura divulgar os sinais e sintomas que os cidadãos deverão conseguir identificar. No enfarte: dor, peso ou queimadura no peito, suores frios, naúseas e vómitos; no AVC: falta de força num braço, dificuldade em falar, boca ao lado.
No enfarte é essencial a intervenção nas primeiras seis horas desde o surgimento dos sintomas, o que reduz para metade a mortalidade. No AVC a janela de oportunidade é mais curta, três horas - se o doente receber tratamento específico durante esse período diminui muito a probabilidade de sofrer sequelas.
Tem crescido o número de doentes admitidos em unidades coronárias e de AVC, bem como um aumento das admissões através da Via Verde: em 2008, foram admitidos 6.911 doentes em Unidades de AVC (3.410 em 2007), tendo 1.159 entrado pela Via Verde (2007: 502).
As doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por cerca de 30 por cento das mortes ocorridas em 2008 em Portugal, estando também entre as principais causas de invalidez.
A campanha pode ser ouvida em rádios nacionais e regionais até ao final do ano. A partir de 23 de Dezembro, poderá também ser vista em mupies, a nível nacional.