Jardim diz que em tempo de dificuldades, Governo dá “casamento gay” como prenda de Natal
Alberto João Jardim falava no encerramento do debate do Orçamento Regional para 2010, numa das suas raras presenças no parlamento madeirense, tendo discursado durante quase duas horas.
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Alberto João Jardim falava no encerramento do debate do Orçamento Regional para 2010, numa das suas raras presenças no parlamento madeirense, tendo discursado durante quase duas horas.
“A República está com tantas preocupações que ainda esta manhã o Conselho de Ministros estás a debater a lei do casamento ‘gay’ para enviar à Assembleia da República. Isto é, os graves problemas que este país atravessa encontram nesta prenda de Natal aos portugueses a aprovação dos casamentos ‘gay’”, declarou Jardim.
O líder regional criticou “a República Portuguesa por, através das instituições, entrar em braços-de-ferro com a Madeira para mostrar a sua soberania”.
Disse existir presentemente “uma tónica de final de regime nesta governação da República Portuguesa, de um sistema político que degradou o país, colocando-o num ponto pior do que em 2005”.
Desafiou também a oposição ser “autêntica” e ir junto da população dizer que discorda da realização das obras que foram feitas nas respectivas localidades que vem criticando como sendo “desperdício de dinheiros públicos”.
Falando das dificuldades económicas da região, Jardim sustentou “não querer deitar as culpas todas para o engenheiro Sócrates, porque até tem outras preocupações maiores que a Madeira”, apontando que na origem dos problemas está “um nucleozinho” de pessoas ligadas ao PS regional que “foi para Lisboa convencer que tirando os meios materiais à região” era possível derrotar o PSD.
“Os cortes à Madeira foram feitos com ódios e com fins políticos”, referiu.
Censurou ainda os que tentam comparar as realidades da Madeira e Açores, destacando: “somos diferentes e o governo madeirense nada tem a opor a que os Açores recebam todo o dinheiro do mundo, desde que não seja à custa desta região”.
“Faço política sem me preocupar com os Açores”, disse, considerando que as pessoas deveriam perguntar “como é que os Açores tendo recebido dinheiro do Estado e da União Europeia continuam atrasados” em comparação com a Madeira.
Salientou que nos Açores os subsídios foram atribuídos para apoiar sobretudo a criação de gado bovino, realçando “não ser o modelo de desenvolvimento adoptado na Madeira”.
Garantiu igualmente “não ser independentista, nem andar a fazer planos tenebrosos de separatismo”.
Quando terminou o discurso, os deputados que haviam abandonado a sala regressaram e as propostas de Plano de Investimentos e Orçamento Regional para 2010 foram aprovadas na generalidade com os votos a favor dos 30 parlamentares presentes na bancada do PSD, a abstenção CDS (2) e MPT (1) e contra do PS (4), CDU (2) e BE (1).
O deputado do PND saiu da sala logo no inicio dos trabalhos, protestando pela ausência do presidente do Governo na altura das declarações finais deste partido, e não participou na votação.
Os documentos baixaram à comissão e voltam sexta-feira ao parlamento para votação na especialidade.