Birmânia: junta militar autorizou Suu Kyi a reunir-se com membros do seu partido
Suu Kyi, prémio Nobel da Paz em 1990, pedira há pouco mais de um mês aos líderes militares para que lhe fosse permitido encontrar-se com os três “anciãos” da LND – assim como, posteriormente, realizar uma reunião plenária do partido, o qual venceu as eleições legislativas de 1991 mas ao qual a junta jamais permitiu governar o país.
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Suu Kyi, prémio Nobel da Paz em 1990, pedira há pouco mais de um mês aos líderes militares para que lhe fosse permitido encontrar-se com os três “anciãos” da LND – assim como, posteriormente, realizar uma reunião plenária do partido, o qual venceu as eleições legislativas de 1991 mas ao qual a junta jamais permitiu governar o país.
“Ela pediu-nos que fosse reorganizado o comité central executivo do partido, com o que concordámos”, informou já no final do encontro, que durou 45 minutos, o secretário-geral da LND, U Lwin, de 85 anos. A delegação incluía ainda o presidente do comité, Aung Shwe, de 92 anos, e um outro membro daquele organismo do partido. A reunião decorreu numa casa do Estado que fica a uns cinco minutos de viagem de carro da residência de Suu Kyi em Rangum.
Esta medida abrirá caminho à promoção dentro do partido de jovens políticos, tendo possivelmente em vista as eleições legislativas multipartidárias prometidas pela junta militar para o próximo ano. A LND ainda não esclareceu se irá ou não participar neste escrutínio, que muita da oposição birmanesa vê como não mais do que uma farsa construída para dar aval nas urnas à continuação dos militares no poder.
Seguro é que Suu Kyi estará, à partida, afastada de poder submeter-se a votos, depois de ter sido condenada a 18 meses mais de detenção domiciliária, já em comutação da pena original emitida em Agosto passado – então de três anos de prisão efectiva – devido ao incidente em que um cidadão norte-americano entrou na sua casa de Rangum em Maio, onde a líder da LND se encontrava já a cumprir, em contínuo desde 2003, uma outra pena domiciliária.
Apesar de ter interposto recurso em meados de Novembro passado, não é esperado que Suu Kyi – que passou 14 anos das últimas duas décadas sob alguma forma de detenção – venha a receber qualquer decisão do Supremo Tribunal com a celeridade necessária para que possa ser candidata em 2010. Apesar de o recurso dever começar a ser examinado já na próxima segunda-feira.