Discurso de Berlusconi gera rumores sobre novas eleições

Foto
Berlusconi acusou os juízes de se quererem substituir ao Parlamento Ina Fassbender /Reuters

“Chegou a hora”, titulava ontem o "L’Espresso" sobre uma fotografia de um Berlusconi irado e o editorial do "La Repubblica" sublinhou que “a democracia italiana entrou numa nova e perigosa fase”. Mas, em Bruxelas, Berlusconi foi lacónico na resposta à especulação de que estaria prestes a apresentar a demissão do Governo: “Nunca pensei sequer nisso”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Chegou a hora”, titulava ontem o "L’Espresso" sobre uma fotografia de um Berlusconi irado e o editorial do "La Repubblica" sublinhou que “a democracia italiana entrou numa nova e perigosa fase”. Mas, em Bruxelas, Berlusconi foi lacónico na resposta à especulação de que estaria prestes a apresentar a demissão do Governo: “Nunca pensei sequer nisso”.

O esclarecimento pode, no entanto, ser insuficiente para acalmar a tempestade criada pelo seu discurso em Bona. Surpreendendo os conservadores europeus, Berlusconi disse ser vítima de uma “caça ao homem”.

“O Parlamento faz as leis, mas se o ‘partido dos juízes’ não gosta das leis, manda-as para o Tribunal Constitucional onde 11 dos 15 juízes são esquerdistas e eles deitam-nas para o lixo”, afirmou Berlusconi, que em Outubro viu aquela instância invalidar a lei que lhe garantia imunidade judicial até ao fim do mandato. Disse ainda que apesar do cerco dos juízes [e também da imprensa] tem o apoio de 60 por cento dos italianos: “Onde iriam eles encontrar um primeiro-ministro com tomates como o Berlusconi?”

O Presidente Giorgio Napolitano, também ele acusado de parcialidade, repudiou o “violento ataque às instituições fundamentais” do país e a esquerda denunciou o “espectáculo indecente” dado pelo chefe de Governo.

E num novo sinal das fracturas na coligação de direita, Gianfranco Fini, líder dos pós-fascistas da Aliança Nacional, acusou Berlusconi de ser um “timoneiro que perdeu o leme”, alimentando os rumores de que pode romper com o primeiro-ministro.