Jerónimo de Sousa diz que Sócrates e a oposição de direita são "fiteiros"

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“Em Janeiro será discutido o Orçamento do Estado” para 2010 e “vamos ver quem são os parceiros que o Governo encontra”, disse Jerónimo de Sousa Gonçalo Santos

“Chama o nosso povo de fiteiros. É isso que são, porque mais tarde ou mais cedo vão entender-se”, nos planos das políticas económica, fiscal e europeia e na Justiça, disse Jerónimo de Sousa, no final de um almoço convívio do PCP, em Aljustrel (Beja).

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“Chama o nosso povo de fiteiros. É isso que são, porque mais tarde ou mais cedo vão entender-se”, nos planos das políticas económica, fiscal e europeia e na Justiça, disse Jerónimo de Sousa, no final de um almoço convívio do PCP, em Aljustrel (Beja).

Para ilustrar a acusação de “fiteiros”, o líder dos comunistas lembrou “aquela fita na AR, em que parecia que [José] Sócrates e [Paulo] Portas quase chegavam a vias de facto”, com o primeiro-ministro “a dizer” para o líder do CDS-PP “ter juizinho” e este “a falar BPN, BPN”.

Lembrando que o PS perdeu a maioria absoluta, Jerónimo de Sousa criticou o primeiro-ministro por dizer que “existem coligações negativas” na AR para “tramar o Governo”, “em vez de tirar as ilações dessa derrota e procurar as causas e soluções de diálogo e de convergência”.

“Sócrates que não se preocupe, porque quando chegarmos às medidas estruturantes, vão ver com quem é que eles se vão entender. Encontram rapidamente parceiros. Se não encontrarem com o PSD, encontram com o CDS-PP”, previu Jerónimo de Sousa.

“Em Janeiro será discutido o Orçamento do Estado” para 2010 e “vamos ver quem são os parceiros que o Governo encontra”, disse Jerónimo de Sousa, considerando “inaceitáveis” a “pressão ofensiva, a dramatização e a chantagem” que o Governo está a fazer.

“Sócrates diz: temos o nosso programa e queremos cumpri-lo integralmente. Só que se esquece que perdeu a maioria absoluta. E que a AR, além dos poderes político e de fiscalização, tem poder legislativo e pode fazer leis”, lembrou.

“O PS em vez de procurar convergir, dialogar, não. Põe-se nesta posição como se tivesse mantido a maioria absoluta”, disse, frisando que a “dramatização” do Governo e as “fitas” na AR são para “distrair o povo português” e “esconder, no essencial, tudo aquilo que vai pelo país”.

No domingo, José Sócrates acusou a oposição de “irresponsabilidade” e “exibicionismo político”, porque PSD, PCP, BE e CDS-PP aprovaram na generalidade várias medidas anti-crise, como o fim do Pagamento Especial por Conta (PEC) ou a imposição do Estado antecipar para 30 dias o prazo de reembolso do IVA.

“Não venha Sócrates com a dramatização. E não pense que por causa da chantagem o PCP vai abdicar do combate à política de direita”, disse Jerónimo de Sousa, referindo que o PCP, durante os primeiros três meses de 2010, prevê fazer uma campanha nacional contra o desemprego e a precariedade e em defesa do desenvolvimento económico e aparelho produtivo nacional.

Na sua primeira visita a Aljustrel após as eleições autárquicas de 11 de Outubro, quando a CDU perdeu a Câmara local para o PS, Jerónimo de Sousa considerou “curiosa a indignação de Sócrates, porque a direita converge com a esquerda em relação a algumas leis”.

Mas, frisou, “não teve nenhum prurido” quando, no domingo, também foi a Aljustrel “todo contente cantar vitória, sabendo que foram os votos da direita que deram a vitória” ao PS na Câmara daquela vila alentejana, “como deram em Beja e noutros concelhos”.