Morales disposto a "acelerar o processo de mudança" na Bolívia
O socialista Morales foi reeleito com 61 por cento dos votos, ou seja, mais quatro pontos que nas presidenciais anteriores, de acordo com sondagens à boca das urnas – só amanhã serão conhecidos os resultados oficiais. O seu Movimento para o Socialismo (MAS), terá conseguido eleger, ainda de acordo com as projecções, 24 ou 25 dos 36 assentos do Senado.
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O socialista Morales foi reeleito com 61 por cento dos votos, ou seja, mais quatro pontos que nas presidenciais anteriores, de acordo com sondagens à boca das urnas – só amanhã serão conhecidos os resultados oficiais. O seu Movimento para o Socialismo (MAS), terá conseguido eleger, ainda de acordo com as projecções, 24 ou 25 dos 36 assentos do Senado.
“Esta maioria de mais de dois terços de deputados e senadores obriga-nos a acelerar o processo de mudanças”, disse Morales no domingo à noite, na varanda do palácio presidencial de La Paz, a milhares de apoiantes que gritavam: “Evo de Nuevo!”.
Por seu lado, o seu rival e candidato da direita Manfred Reyes Villa (que terá conseguido entre 25 e 27 por cento dos votos), prometeu lutar no Parlamento “na trincheira da democracia” contra os abusos de poder.
Já ontem, Morales deu a entender que está pronto para um terceiro mandato, apesar de a Constituição prever apenas dois. Estimando que a recondução ao poder pode ser vista “constitucionalmente como uma primeira eleição”, o Presidente avaliou que esta é "a primeira vez" em que pode ser eleito "tendo por base a nova Constituição política do Estado boliviano", adoptada em Janeiro de 2009. "E esta prevê a possibilidade de dois mandatos consecutivos”, explicou ainda, lembrando que o seu primeiro mandato que foi encurtado de cinco para quatro anos, justamente devido à marcação antecipada de sufrágio presidencial por causa da adopção de uma nova lei constitucional.
Muito popular entre os pobres e muito criticado pela classe empresarial, Morales – confesso admirador de Fidel Castro e aliado próximo do radical Presidente da Venezuela, Hugo Chávez – quer levar ainda mais longe as reformas socialistas no país, impondo um cada vez maior controlo do Estado sobre a economia.
A campanha para estas eleições decorreu sob profunda calma por todo o país, num enorme contraste com os dois anos anteriores de violentas tensões políticas emergentes de uma frente autonomista na Bolívia. Morales e o seu MAS não encontraram de resto grande voz de oposição nas muito divididas forças conservadoras bolivianas.
Com uma maioria absoluta no Senado, não será agora difícil ao Presidente pôr em marcha, sem entraves, as reformas constitucionais, adoptadas em Janeiro de 2009, de descentralização e sobre os direitos das populações indígenas.