Constâncio tem quase garantida a vice-presidência do BCE

Por enquanto, Constâncio enfrenta as candidaturas rivais do seu homólogo do Luxemburgo, Yves Mersch, e do belga Peter Praet, director executivo do Banco Nacional da Bélgica.

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Por enquanto, Constâncio enfrenta as candidaturas rivais do seu homólogo do Luxemburgo, Yves Mersch, e do belga Peter Praet, director executivo do Banco Nacional da Bélgica.

A escolha do futuro vice-presidente, que substituirá o grego Lucas Papademos, poderia ter sido decidida na terça-feira passada pelos ministros das finanças dos dezasseis países do euro reunidos no seio do Eurogrupo.

O seu presidente, o primeiro-ministro e ministro das Finanças do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, sugeriu no entanto que o prazo para apresentação de candidaturas fosse prolongado até meados de Dezembro. O que significa que a escolha será feita pelos ministros europeus das Finanças durante as reuniões de 18 e 19 de Janeiro, para aprovação final pelos líderes da UE na cimeira de 25 e 26 de Março de 2010.

De acordo com o entendimento tácito na UE, os quatro maiores países do euro - França, Alemanha, Itália e Espanha -, que representam em conjunto 75 por cento do PIB da eurolândia, têm "lugar cativo" entre os seis membros do Comité Executivo do BCE, o que obriga os outros doze a partilhar entre si, e por rotação, as duas cadeiras restantes.

Espera-se igualmente que os países fundadores do euro tenham prioridade sobre os outros no acesso a este órgão que aplica as decisões de política monetária do Conselho de Governadores (de todos os países do euro) e gere o Banco de Frankfurt no quotidiano.

Entre os fundadores, só Portugal, Bélgica, Luxemburgo e Irlanda ainda não integraram o comité executivo, partindo-se assim do princípio que a vice-presidência será para um deles. Por enquanto, a Irlanda ainda não apresentou qualquer candidato, e não é previsível que o faça.

Entre os três candidatos actuais, Vítor Constâncio é considerado o mais qualificado "no plano intelectual e de capacidade técnica, nomeadamente na área dos serviços financeiros", resumiu um diplomata europeu.

Além disso, o governador do Banco de Portugal tem a seu favor o facto de tanto a Bélgica como o Luxemburgo terem acedido ou estarem prestes a aceder a alguns dos cargos mais importantes da UE, o que tenderá a diminuir os seus candidatos ao BCE.

Herman Van Rompuy, ex-primeiro ministro belga, foi escolhido para primeiro presidente do Conselho Europeu, o que enfraquece a candidatura de qualquer outro belga a um cargo de relevo num futuro próximo.

Por seu lado, Juncker anunciou esta semana a sua candidatura a um novo mandato de dois anos e meio de presidente do Eurogrupo, e tem boas possibilidades de ser aceite. Sobretudo porque outras potenciais candidaturas dos ministros das Finanças de França e Itália, Christine Lagarde e Giulio Tremonti, não se materializaram, tendo mesmo a primeira declarado o seu apoio a Juncker.

A decisão sobre esta questão está igualmente prevista para a reunião dos ministros das Finanças de 18 e 19 de Janeiro. O que torna muito pouco provável que os Vinte e Sete atribuam ao Luxemburgo, na mesma ocasião a presidência do Eurogrupo e a vice-presidência do BCE.