"Muro da vergonha" na Damaia é irreversível

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Já é tarde para mudar a obra e a única coisa que se procura agora é um "excelente arranjo paisagístico" Shamila Mussá

Quem é o diz é o vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, que na passada semana reuniu, juntamente com o seu colega de vereação Sá Fernandes, com o conselho de administração da EP, incluindo o presidente Almerindo Marques.

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Quem é o diz é o vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, que na passada semana reuniu, juntamente com o seu colega de vereação Sá Fernandes, com o conselho de administração da EP, incluindo o presidente Almerindo Marques.

Nunes da Silva diz que a situação é irreversível, salientando contudo que todos os intervenientes na reunião manifestaram o seu "total empenho" em criar uma equipa conjunta de técnicos que procurará encontrar soluções para "minimizar os impactos tanto quanto possível". "Independentemente das responsabilidades, agora é fundamental para a credibilidade das instituições termos um excelente arranjo paisagístico em todo o eixo da CRIL", diz por sua vez Sá Fernandes, desejando que seja "uma intervenção rápida".

A EP, através do seu gabinete de comunicação, adiantou ao PÚBLICO que "foram agendadas novas reuniões técnicas conjuntas para aprofundamento dos diversos assuntos comuns que carecem de resolução entre a EP e as três câmaras municipais (Amadora, Lisboa e Odivelas) em cujos territórios se desenrola a obra". A primeira destas reuniões estava marcada para ontem.

Quanto às conclusões do encontro da passada semana, foi recusado o pedido para falar com um dos membros do conselho de administração da empresa que estiveram presentes e dito que "sobre o teor da discussão ou as posições concretas em causa a empresa não se pronuncia".

Impacto brutal

Nesse encontro, adiantou Nunes da Silva ao PÚBLICO, "houve a percepção comum de que é preciso apurar responsabilidades" por terem sido divulgadas publicamente imagens de um projecto "que já se sabia que não era viável daquela forma".

Em causa está um conjunto de fotomontagens publicitadas pela EP para antecipar como ficariam alguns dos sítios atravessados pela CRIL, nomeadamente uma que mostrava uma estrada ao nível da entrada dos prédios, com relva no meio e um corredor pedonal a ligar os concelhos de Lisboa e Amadora. Hoje quem passa na Rua de Garcia de Orta depara-se com uma construção em altura, que chega ao primeiro andar dos edifícios fronteiros e cria uma parede de vários metros no quintal de uma fiada de moradias.

"As imagens são terríveis porque não correspondem ao que está a passar-se", admite o vereador Sá Fernandes, que tem os pelouros do Ambiente Urbano e Espaço Público, acrescentando que manifestou aos responsáveis pela obra o seu "desalento" com esta situação.

Já o vereador Nunes da Silva explica que as alterações ao projecto, que têm "um impacto brutal", foram feitas depois os serviços de saneamento das câmaras de Lisboa e Amadora terem manifestado a sua oposição a que se mexesse no colector de esgotos que faz a ligação ao Caneiro de Alcântara. O grande problema, diz este vereador eleito pelo movimento dos Cidadãos por Lisboa, é que isso foi feito "sem que os decisores políticos da Estradas de Portugal e das câmaras tivessem sido confrontados com essa situação".