Director do "Sol" vai "colaborar o mais possível" em inquérito da ERC sobre pressão do Governo

Foto
Saraiva foi ontem ouvido na ERC Carlos Lopes (arquivo)

Saraiva, que foi também director do Expresso desde 1984 até 2005, foi ontem ouvido durante várias horas pelos membros do conselho regulador da ERC sobre as denúncias públicas que fez relativas às tentativas de "uma pessoa do círculo restrito do primeiro-ministro" de evitar a saída de notícias sobre o processo Freeport, nas páginas do Sol, no início deste ano.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Saraiva, que foi também director do Expresso desde 1984 até 2005, foi ontem ouvido durante várias horas pelos membros do conselho regulador da ERC sobre as denúncias públicas que fez relativas às tentativas de "uma pessoa do círculo restrito do primeiro-ministro" de evitar a saída de notícias sobre o processo Freeport, nas páginas do Sol, no início deste ano.

De acordo com Saraiva, em declarações recentes à revista Sábado, a pessoa em causa "conhecia muito bem" as dificuldades económico-financeiras do jornal e a relação entre o mesmo e o BCP. Nessa altura, em que o jornal chegou a correr o risco de não ter dinheiro disponível para continuar a pagar salários e assegurar as edições, o banco era um dos principais accionistas do semanário e também um dos seus maiores credores.

Armando Vara, arguido no caso Face Oculta, tem sido apontado por Saraiva como o principal responsável dentro do BCP nos contactos que na altura existiam entre o banco e a administração do jornal.

Um grupo de jornalistas fundadores (incluindo o próprio director, José António Lima e Vítor Rainho) e Joaquim Coimbra, membro da comissão executiva do PSD ligado à Sociedade Lusa de Negócios (dona do BPN), eram outros dos principais accionistas do Sol. Só depois de fazer finca-pé para manter a mesma direcção editorial e da venda da maioria do capital a um grupo de investidores luso-angolanos representados pela empresa Newshold é que o jornal recuperou as contas.

Para já, indicou ontem ao PÚBLICO uma fonte oficial da ERC, o responsável máximo do Sol foi ouvido a propósito das acusações que fez sobre pressões de pessoas próximas do Governo, relativas à publicação de notícias no jornal.

Publicidade enviesada?

Ligado ao mesmo assunto está um outro inquérito lançado também pela ERC, mas de âmbito mais geral, sobre "o cumprimento das regras relativas à publicidade do Estado" e "eventuais desvios a essas regras".

Uma das formas que o Governo liderado por José Sócrates terá actualmente de controlar as notícias publicadas na comunicação social - segundo declarações públicas de José António Saraiva mas também de José Manuel Fernandes (ex-director do PÚBLICO) - são as receitas relativas à publicidade ligada a organismos e a empresas nas quais o Estado surge directa ou indirectamente como accionista.