Suicídio do PSD não é para ser levado à letra, diz Marcelo

Foto
Mesmo assim, o social-democrata converge no diagnóstico que Francisco Pinto Balsemão fez Pedro Cunha (arquivo)

À parte esta divergência, Marcelo converge no diagnóstico que Francisco Pinto Balsemão fez, anteontem, no primeiro debate de um ciclo de conferências que o Instituto Sá Carneiro está a organizar. Foi lá que o fundador do partido desafiou os militantes a mobilizarem-se em torno de novas causas para sair de um "impasse ideológico" em que o partido mergulhou, sob pena de o PSD caminhar para "um suicídio colectivo".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

À parte esta divergência, Marcelo converge no diagnóstico que Francisco Pinto Balsemão fez, anteontem, no primeiro debate de um ciclo de conferências que o Instituto Sá Carneiro está a organizar. Foi lá que o fundador do partido desafiou os militantes a mobilizarem-se em torno de novas causas para sair de um "impasse ideológico" em que o partido mergulhou, sob pena de o PSD caminhar para "um suicídio colectivo".

À mesma hora, o professor dava uma entrevista na RTP-N, na qual defendeu que a questão da sucessão de Manuela Ferreira Leite não é entrave para que o partido discuta seriamente os problemas do país. "O que é preciso é discutir como é que se deve sair da crise e qual o papel do Estado nessa saída". E como conseguirá o PSD concentrar-se no país se está em guerra interna? "Não discutindo as questões internas", respondeu, porque se o partido entra numa espiral de passar o tempo a escrutinar todo e cada candidato a líder, então não sairá da sua própria crise.

Em diferido, Marcelo ouviu as declarações. Mas quis ler o discurso, no qual Balsemão escreveu "suicídio lento" e não "suicídio colectivo", como acabou por verbalizar. Para Marcelo, Balsemão deu "um contributo muito positivo no arranque de um amplo debate de ideias sobre o país".

"Deu-o com o seu estilo próprio, avançou com doze propostas concretas e em boa hora o fez. Encontrei um tónus optimista para nós ultrapassarmos isto", elogia, sugerindo mesmo uma leitura contextualizada da intervenção do fundador do partido. Só assim, diz, se poderá perceber que se Balsemão utilizou a imagem do suicídio, também criticou "os coveiros políticos dentro e fora do partido".

Miguel Relvas, braço direito de Pedro Passos Coelho, o único candidato assumido à liderança, considera que "a situação é difícil e delicada", mas opta para deixar um recado para o interior do partido. "Quando o PSD devolveu a voz aos militantes, e não aos dirigentes, para escolher a sua equipa de liderança, foi capaz de encontrar soluções ganhadoras e duradouras", sustenta.

Já Paula Teixeira da Cruz viu nas palavras de Balsemão "uma espécie de um grito às armas em prol do que é a génese e a matriz do PSD".

"É um alerta muito próprio de um fundador do PSD. O partido fez uma deriva conservadora a que importa pôr termo", diz a ex-vice de Marques Mendes e que aceitou agora coordenar o programa de candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do partido.