Ferreira Leite desafia Sócrates a clarificar se acredita em “espionagem política”

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O caso Face Oculta dominou o debate quinzenal que deveria ser sobre política económica Rui Gaudêncio (arquivo)

“Ou o senhor diz hoje claramente se subscreve o que disse o ministro da Economia e o vice-presidente da bancada do PS ou dir-lhe-ei que o senhor nem sequer tem consciência do cargo que desempenha neste país”, afirmou a líder do PSD, durante o debate quinzenal com José Sócrates.

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“Ou o senhor diz hoje claramente se subscreve o que disse o ministro da Economia e o vice-presidente da bancada do PS ou dir-lhe-ei que o senhor nem sequer tem consciência do cargo que desempenha neste país”, afirmou a líder do PSD, durante o debate quinzenal com José Sócrates.

O Executivo escolheu as políticas económicas para o debate de hoje, mas a acirrada troca de palavras entre Sócrates e Ferreira Leite a propósito do caso Face Oculta acabou por dominar o primeiro tempo da discussão e inflamou as bancadas do PS e do PSD.

Em resposta à presidente do PSD, Sócrates acusou os sociais-democratas de quererem “transformar a coscuvilhice” na “linha política” do partido. E classificou como “vergonhosa” a “tentativa”, feita por Ferreira Leite, de “pressionar a Justiça”. “Pela primeira vez uma líder política subiu à tribuna para dizer que Justiça não podia destruir provas”, afirmou, numa alusão às escutas telefónicas que envolveram o primeiro-ministro e Armando Vara.

“O que os senhores querem é que aquilo que foi considerado como conversas privadas seja tornado público”, continuou o chefe do Executivo, acusando o PSD de “lançar lama e suspeição sobre os adversários políticos”. E, dirigindo-se directamente a Manuela Ferreira Leite, disse que a líder social-democrata tinha ultrapassado “uma fronteira ética”. "A sua actuação, senhora deputada, degrada a vida política nacional, é indigna, é infamante e não devia ter lugar nem na democracia nem num parlamento democrático", apontou José Sócrates.

Foi Aguiar Branco, líder parlamentar do PSD, que refutou as afirmações de Sócrates, começando por acusar Sócrates de “cumplicidade” em relação às declarações de Vieira da Silva. “Eu poderia dizer-lhe para pedir desculpa à minha bancada. Mas não lhe peço isso porque o senhor não sabe o que é ter vergonha”, afirmou.