Clientes do BPN de Leiria exigem devolução dos depósitos

Os clientes entraram na agência pouco depois da abertura ao público e ainda se mantêm no local, a exigir o pagamento do dinheiro que dizem ter depositado a prazo (de um ano) no BPN e que terá sido aplicado em papel comercial na SLN Valor, sem o seu consentimento, cujos prazos de pagamento venceram em Agosto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os clientes entraram na agência pouco depois da abertura ao público e ainda se mantêm no local, a exigir o pagamento do dinheiro que dizem ter depositado a prazo (de um ano) no BPN e que terá sido aplicado em papel comercial na SLN Valor, sem o seu consentimento, cujos prazos de pagamento venceram em Agosto.

Um ex-emigrante, natural da Praia da Vieira, que esteve na Suíça durante 21 anos, contou à Agência Lusa que se “sacrificou a trabalhar no estrangeiro” para colocar as suas “economias” no BPN. “Deram-me a garantia de que o capital não era de risco e nem tão pouco era de outra entidade emissora. Sempre me falaram de um produto do BPN.”

“A grande revolta que sinto é que, em Maio de 2008, o Estado português e a SLN tinham conhecimento de que o BPN estava em dificuldades e, em Agosto, autorizaram que saísse o papel comercial. Isso é oportunismo e corrupção”, lamentou ainda o ex-emigrante, que colocou no banco 150 mil euros.

“Lutar até à morte”

António Trindade Matias tem colocado um cartaz com o valor da sua pensão: 446,84 euros. Disse à Agência Lusa que vai fazer greve de fome em frente à agência do BPN da Nazaré, onde colocou as suas economias. “Vou lutar até à morte. Depositei 50 mil euros e apenas reavi 45 mil euros”, referiu, com a voz embargada.

Muitas outras pessoas presentes no local contam situações idênticas. “Há pessoas doentes e outras que tiveram de tirar os filhos da universidade, por falta de dinheiro”, revelou António José Henriques, presidente da Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Clientes do BPN.

Outro ex-emigrante, natural da Marinha Grande, trabalhou 40 anos no Canadá. “Quando regressei, um amigo que trabalhava no BPN disse-me para depositar o dinheiro a prazo. Perguntei-lhe se não existia qualquer risco e ele garantiu-me que não”, contou à Agência Lusa. “Entreguei-lhe 50 mil euros com a garantia de que não existiria qualquer problema. Fui muito enganado”, desabafou ainda.

A PSP mantém-se no local e tem estado em contacto com a gerente do banco. Entretanto, um grupo mais pequeno também se concentrou junto a outra agência do BPN, em Leiria, na Av. Marquês de Pombal.